Por David Lawder e Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Advogados que investigaram alegações de manipulação de dados do Banco Mundial contra a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, violaram normas trabalhistas do banco por não notificá-la de que era alvo do inquérito e por não permitir que ela reagisse às apurações, disse o advogado de Georgieva.
Em uma carta ao Conselho Executivo do FMI divulgada na quinta-feira, o advogado Lanny Breuer, da firma Covington & Burling, pediu aos diretores que levem em conta "erros processuais e substantivos fundamentais" no relatório da investigação da WilmerHale, uma firma de advocacia contratada pelo conselho do Banco Mundial para investigar irregularidade de dados nos rankings de ambiente de negócios "Doing Business" do banco de empréstimos.
O relatório WilmerHale alegou que, quando era presidente-executiva do Banco Mundial em 2017, Georgieva exerceu uma "pressão indevida" sobre funcionários para obter mudanças de dados que elevassem o ranking da China em um momento no qual o banco buscava o apoio de Pequim para um grande aumento de capital. Georgieva nega as alegações.
As novas acusações de Breuer, ex-funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e conselheiro especial do ex-presidente Bill Clinton durante seu julgamento de impeachment em 1999, chegam no momento em que Georgieva tenta persuadir o conselho do FMI a apoiá-la.
O conselho entrevistou tanto Georgieva quanto a WilmerHale nesta semana, e voltará a deliberar sobre o assunto nesta sexta-feira.
Por sua parte, a França pretende dar apoio a Georgieva na reunião do conselho, disse uma fonte do Ministério das Finanças francês à Reuters também nesta sexta-feira.
Na quarta-feira, Georgieva classificou as acusações de que pressionou funcionários a fazerem alterações de dados indevidas como "ultrajantes e inverídicas" e disse que a WilmerHale tirou alguns de seus comentários do contexto. No dia seguinte, ela divulgou publicamente seu comunicado extenso ao conselho.
"A senhora Georgieva jamais foi notificada de que é alvo da investigação, nem teve uma oportunidade, como garantido pela norma trabalhista 3.00, de analisar e responder às conclusões do relatório", escreveu Breuer.
A norma cobre os procedimentos do Escritório de Ética e Conduta de Negócios do Banco Mundial.
O relatório WilmerHale afirma que a parte inicial de sua investigação se concentrou em autoridades do conselho nos termos do Código de Conduta de Autoridades do Conselho, um conjunto diferente de regras da norma trabalhista citada por Breuer.
(Reportagem adicional de Leigh Thomas em Paris)