Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O crescimento da atividade econômica foi mais disseminado no Brasil no segundo trimestre, com exceção do Sudeste, que destoou das demais regiões e ficou praticamente estável no período puxado para baixo pelo resultado negativo do Estado de São Paulo, apontou o Banco Central nesta sexta-feira.
Em seu Boletim Regional, a autoridade monetária destacou o provável efeito de impulso sobre a economia brasileira no segundo semestre das medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro meses antes da eleição para reforçar repasses sociais e cortar tributos.
No segundo trimestre, a atividade na região Sudeste recuou 0,1% em relação aos três primeiros meses do ano. O desempenho reflete um recuo de 0,5% na atividade de São Paulo, enquanto os outros Estados da região registraram crescimento, com destaque para Minas Gerais (+1,5%).
“A economia do Sudeste perdeu ritmo no segundo trimestre, refletindo sobretudo o arrefecimento da expansão do comércio e o recuo dos serviços financeiros”, apontou. “O menor dinamismo do comércio, da indústria e de alguns segmentos de serviços contribuíram para a retração da atividade paulista no segundo trimestre”.
Os dados fazem parte do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), medido pela autarquia a partir de indicadores apresentados pelo IBGE e outros órgãos oficiais.
O Nordeste seguiu em expansão no período e apresentou uma alta de 1,0% no índice, refletindo a retomada do setor de serviços e desempenhos favoráveis em agropecuária, construção civil, e indústria.
Citando medidas adotadas neste ano pelo governo, a autarquia indicou um cenário favorável para os próximos meses no Nordeste --onde Bolsonaro, que busca a reeleição, tem maior desvantagem em relação ao líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O possível impacto positivo no comércio varejista das desonerações tributárias, a melhora das expectativas de empresários e consumidores e os efeitos dos programas temporários de transferência de renda devem sustentar a atividade econômica da região”, disse o BC.
Nos últimos meses, em meio à adoção das medidas tratadas pelo governo como emergenciais para mitigar impactos da inflação, a distância entre Lula e Bolsonaro vem caindo gradualmente nas pesquisas de intenção de voto.
Entre maio e o início de setembro, período em que foram implementados o Auxílio Brasil turbinado, benefícios a caminhoneiros e taxistas e desonerações sobre gasolina e etanol, a intenção de voto em Bolsonaro, segundo o Datafolha, subiu de 27% para 32% no primeiro turno, enquanto Lula caiu de 48% para 45%.
No Norte, o crescimento do trimestre foi de 1,5%, pelos dados dessazonalizados, puxado por serviços. O BC também destacou que as políticas temporárias implementadas pelo governo podem impulsionar setores econômicos da região no segundo semestre.
Com fortalecimento de comércio, agricultura, construção e serviços, o Centro-Oeste cresceu 1,1% no trimestre. O BC acrescentou que, além das políticas temporárias, a região pode ser beneficiada pela colheita de milho esperada para o terceiro trimestre.
A região Sul, por sua vez, apresentou recuperação da atividade após recuo registrado no primeiro trimestre, quando houve uma quebra da produção de soja. No segundo trimestre, com retomada do comércio, construção e serviços, a economia da região cresceu 2,8%, segundo o índice do BC.
“O impulso adicional à demanda, associado, pelo lado da oferta, à permanência de condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das lavouras de inverno, que sugerem produção regional recorde para o trigo, contribuirão para a melhoria do ritmo de recuperação”, apontou.
Os dados compilados pelo BC são tratados informalmente com uma prévia do PIB. O resultado nacional para o PIB do segundo trimestre foi divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE, com crescimento acima do esperado pelo mercado, de 1,2% em relação aos três meses anteriores, o que rendeu comemorações pelo governo e expectativa de revisões mais positivas para as projeções da atividade no encerramento do ano.