FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu tem que eliminar o risco de fragmentação financeira entre os países do euro pela raiz, disse nesta segunda-feira a presidente do BCE, Christine Lagarde, referindo-se aos spreads nos custos de empréstimo.
O BCE decidiu, em uma reunião de emergência na semana passada, conter o aumento dos custos de empréstimo na faixa sul do bloco e conceber um novo instrumento que pode limitar a divergência nos rendimentos dos títulos de vários membros.
"É preciso matar pela raiz", disse ela a parlamentares europeus. "Você não quer deixar o risco de fragmentação acontecer (e) dificultar a transmissão da política monetária."
Lagarde, entretanto, recusou-se a discutir o projeto específico da nova ferramenta do BCE ou as condições que justificariam seu uso.
O movimento do BCE vem depois de o banco indicar uma série de aumentos das taxas de juros nos próximos meses para conter a inflação, empurrando os custos dos empréstimos para máximas de vários anos para todos os Estados membros.
Os rendimentos dos títulos italianos de dez anos estavam cerca de 200 pontos-base acima de seu homólogo alemão nesta segunda-feira, uma queda em relação aos 250 pontos de uma semana atrás, mas um nível ainda considerado muito alto pelo chefe do banco central da Itália.
Reafirmando os planos de aumento das taxas, Lagarde disse que os juros subirão 0,25 ponto percentual nos próximos meses e por uma margem maior em setembro, se as perspectivas de inflação não aumentarem.
Após setembro, um aumento "gradual mas sustentado" nas taxas de juros será apropriado, acrescentou Lagarde.
Embora custos de empréstimo mais altos possam retardar o crescimento e o BCE precise estar atento ao risco de desencadear uma recessão, as projeções do banco são de um crescimento contínuo, acrescentou Lagarde.
(Reportagem de Francesco Canepa e Balazs Koranyi)