Por Trevor Hunnicutt e Jeff Mason
FILADÉLFIA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, atacou nesta segunda-feira seu provável rival na eleição de 2024, o ex-presidente Donald Trump, durante discurso feito no Dia do Trabalho, com o objetivo de aumentar seu apoio na Pensilvânia, um estado crucial para ele obter a reeleição.
Biden, que se autoproclama defensor dos sindicatos, dirigiu-se aos trabalhadores da Filadélfia ao tentar explicar suas políticas econômicas a um público preocupado com a economia, apesar da inflação em queda e o desemprego em níveis baixos.
“Não faz muito tempo, a gente estava perdendo empregos neste país”, afirmou Biden antes de um desfile comemorativo do Dia do Trabalho nos EUA. “De fato, o cara que teve este trabalho antes de mim foi um dos dois presidentes da história que deixaram o cargo com menos empregos na América, comparado ao momento em que foram eleitos.”
O desemprego caiu depois de Trump assumir o cargo, em janeiro de 2017, e o mercado de trabalho apresentou um forte crescimento durante grande parte de seu mandato. Contudo, o desemprego subiu fortemente perto do fim de sua gestão, em momento de desaceleração econômica devido à pandemia de covid-19.
Desde janeiro de 2021, foram criados 436 mil empregos por mês em média nos EUA, e o país apresenta atualmente 4 milhões de postos de trabalho a mais do que antes da pandemia.
Mais cedo, Biden abordou as tensões entre o sindicato United Auto Workers e as montadoras do grupo Detroit Three, dizendo a repórteres que achava improvável uma greve do grupo laboral após o fim do atual acordo coletivo, em 15 de setembro.
Isso provocou a resposta de uma liderança sindical, depois de o comitê de relações trabalhistas ter afirmado na sexta-feira que investigará uma acusação feita pelo sindicato, de que tanto a General Motors (NYSE:GM) GM.N quanto a Stellantis (NYSE:STLA) -- companhia que controla a Chrysler -- não estavam negociando de boa fé, o que as empresas negam.
“Agradeço ao presidente pelo otimismo e também espero que as ‘Três Grandes’ tenham bom senso e passem a negociar de boa fé, mas estamos prontos para fazer o que for necessário no dia 15 de setembro se elas não o fizerem”, afirmou o presidente da United Auto Workers, Shawn Fain, em comunicado.
A economia deve ser um dos principais assuntos da corrida presidencial de 2024, que deve ter uma provável revanche entre Biden e Trump. Reconstruir a infraestrutura do país é parte da campanha do atual presidente, com uma lei de 1 trilhão de dólares destinando recursos a projetos feitos com sindicatos.
A Pensilvânia é um dos poucos estados em que se esperam resultados apertados e que, portanto, podem determinar quem vencerá a corrida. Os outros são o Arizona, a Geórgia e o Wisconsin.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada no mês passado mostrou que a economia e o mercado de trabalho são as principais preocupações dos norte-americanos. No total, 60% deles, incluindo um a cada três democratas, afirmaram desaprovar como o governo Biden está combatendo a inflação, de acordo com a sondagem.
O principal indicador de inflação do Fed, o Banco Central dos EUA, caiu para 3,3%, ante 7% no ano passado. Embora o resultado seja uma “melhoria bem-vinda”, o presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou no mês passado que a inflação “segue muito alta” e que pode ser necessário subir ainda mais as taxas de juros.
Os republicanos e alguns economistas dizem que as políticas dos democratas ajudaram a aumentar os preços, obrigando a população a pagar mais caro o aluguel, os alimentos e a gasolina. Economistas também afirmam que a inflação foi alimentada pelo fim das restrições da covid e a retomada das atividades econômicas.
(Reportagem de Trevor Hunnicutt na Filadélfia e Jeff Mason em Rehoboth Beach, Delaware; reportage adicional de David Shepardson em Washington)