Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma rede social nesta quinta-feira a nomeação do professor Carlos Alberto Decotelli para ocupar o posto de ministro da Educação, em substituição a Abraham Weintraub, que deixou o cargo na semana passada, indicado a uma diretoria no Banco Mundial.
Na publicação, acompanhado de uma foto em que aparece ao lado de Decotelli, Bolsonaro afirma que o novo ministro é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mestre pela Fundação Getulio Vargas e tem doutorado na Argentina e pós-doutorado na Alemanha.
Decotelli, o primeiro ministro negro a ser nomeado por Bolsonaro, foi presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao ministério, de fevereiro até outubro do ano passado, quando deixou o cargo para assumir outro na pasta, a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp).
É especialista em finanças e autor de livros nesta área. Atuou na área de educação durante a transição de governo de Bolsonaro em 2018. De acordo com nota divulgada pelo ministério quando Decotelli assumiu o comando do FNDE, o novo ministro da Educação é também oficial da reserva da Marinha e foi professor da Escola de Guerra Naval (EGN).
Decotelli também já trabalhou na área acadêmica com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Petrobras (SA:PETR4), Roberto Castello Branco.
Weintraub anunciou sua saída do ministério na semana passada em vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro publicado em uma rede social. Ele foi nomeado pelo governo brasileiro para um posto no Banco Mundial, indicação que foi criticada pela associação de funcionários da instituição multilateral. [nL1N2E20FM]
Em entrevista na porta do ministério à CNN Brasil, o novo ministro disse que pretende pautar sua atuação pelo diálogo com as instituições que querem o melhor pela educação brasileira. "Diálogo, gestão e integração operacional", sintetizou ele.
Decotelli afirmou que a conversa com o presidente ocorreu na manhã desta quinta-feira e que foi pego de surpresa com o convite. Ele disse que vai buscar fazer um trabalho técnico, na linha da sua primeira passagem pelo governo, e que procurou se afastar de qualquer atuação ideológica à frente da pasta -- um caminho contrário ao dos dois antecessores no cargo.
"Não tenho nenhuma competência ideológica, a minha formação é a área de gestão e finanças", afirmou.
O novo ministro destacou que está trabalhando na transição da área educação neste momento de "novo normal" em razão da Covid-19. Disse que quer levar o ministério para dentro de sala de aula e ponderou que vai estar sempre falando de "maneira didática e pedagógica".
"É o tom que eu sei fazer, eu vim para fazer o que eu sei fazer, o que eu sei fazer é sala de aula, conversa, gestão, correção, ajuste, muito diálogo e construção de projetos a serem entregues para a educação. Então, a minha prioridade é trabalho com gestão integrada", disse.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília)