Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Depois de uma madrugada de paralisações em estradas dos país feitas por caminhoneiros em apoio ao governo, o presidente Jair Bolsonaro vai se reunir ainda na manhã desta quinta-feira com representantes da categoria, disse o presidente a apoiadores.
A informação foi posteriormente confirmada pelo Ministério da Infraestrutura.
"Eu tenho uma hora na manhã... já tenho o tempo tomado com o pessoal dos Brics, uma hora, mas estou mais cedo também. Nesses dois intervalos vou conversar com os caminhoneiros para a gente tomar uma decisão", disse o presidente a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada nesta manhã.
O encontro foi confirmado à Reuters pela assessoria do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que está com o presidente no Palácio do Planalto. A conversa deve acontecer por videoconferência.
Na quarta-feira, após manifestações em estradas de vários Estados, Bolsonaro enviou um áudio à categoria pedindo que os bloqueios fossem suspensos porque uma paralisação afetaria a economia.
“Fala para os caminhoneiros aí, são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia, isso provoca desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo especialmente os mais pobres. Então dá um toque aí nos caras se for possível para liberar, tá ok, para a gente seguir a normalidade”, disse Bolsonaro em um áudio.
Com o surgimento de dúvidas se o áudio era mesmo de Bolsonaro, o ministro da Infraestrutura gravou um vídeo para garantir que era sim um pedido do presidente e reiterando as consequências da paralisação. Ainda assim, nas redes bolsonaristas o pedido ainda é posto em dúvida, tanto por pessoas que insistem em se tratar de um áudio falso, quando por outros que alegam a impossibilidade de um presidente apoiar explicitamente uma greve.
Um dos líderes do movimento, Zé Trovão, gravou um vídeo distribuído nas suas redes sociais duvidando da veracidade do áudio e cobrando que Bolsonaro gravasse um vídeo pessoalmente garantindo que, de fato, quer que a categoria suspenda a mobilização.
Na manhã desta quinta, de acordo com o Ministério da Infraestrutura, havia paralisações em 15 Estados, um a menos que na noite de quarta. Não haveria, de acordo com a assessoria do ministério, bloqueios em rodovias federais, com seis pontos tendo sido liberados nesta manhã.
Os protestos dos caminhoneiros, aliados do governo, começaram com mais força um dia depois das manifestações do 7 de Setembro. Em Brasília, o ato, patrocinado pelo presidente, foi marcado por presença significativa de caminhões na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 40 ainda permanecem na Esplanada e recusam-se a sair, apesar das negociações com a Polícia Militar local. Durante a noite houve momentos de tensão, com o grupo fazendo buzinaços na madrugada.
Para além das pautas colocadas pelo próprio presidente- impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e defesa do voto impresso - os caminhoneiros colocaram também as suas, centradas na queda do preço dos combustíveis.