A campanha Black Friday deve fazer o comércio varejista brasileiro movimentar R$ 4,21 bilhões este ano, prevê a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmada, a movimentação financeira será a maior já registrada desde que a data foi incorporada ao calendário do varejo nacional, em 2010, de acordo com Fabio Bentes, economista responsável pelo estudo da entidade. O faturamento das vendas apresentaria um crescimento de 1,1% em relação à mesma data do ano passado, já descontada a inflação prevista para o período.
Bentes vê perspectivas favoráveis para os três últimos meses do ano, quando o desempenho do comércio contará com o impulso também das vendas para a Copa do Mundo e o Natal.
"A crise sanitária, no início de 2020, acelerou o processo de digitalização do consumo. Assim, naquele ano, as vendas na Black Friday movimentaram R$ 4,10 bilhões, avançando 13,2% em relação ao evento do ano anterior. No ano seguinte, novo avanço (+1,7%). Programada para começar na semana do Mundial de Futebol, a Black Friday deste ano deverá gerar movimentação recorde", estimou Fabio Bentes, no estudo da CNC.
Quase metade das vendas previstas para a campanha deste ano deve ficar concentrada nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (R$ 1,09 bilhão) e de eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 0,92 bilhão). A CNC espera ainda faturamento expressivo nos ramos de hipermercados e supermercados (R$ 0,91 bilhão) e de vestuário, calçados e acessórios (R$ 0,77 bilhão).
"Apesar da tendência de desaceleração da inflação, o processo de encarecimento do crédito deverá impedir um avanço mais significativo das vendas, em uma data caracterizada pela predominância do consumo de bens duráveis - tradicionalmente mais dependentes das condições de crédito", ponderou Bentes.
Ele lembra que a taxa média de juros das operações com recursos livres para pessoa física está no maior patamar dos últimos quatro anos e meio, de acordo com os dados do Banco Central.
A Black Friday já é a quinta data mais importante para o varejo brasileiro, atrás apenas do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais. A CNC coletou diariamente, ao longo dos últimos 40 dias, os preços dos itens mais buscados na internet para a data, com o objetivo de monitorar a chance de descontos efetivos nas campanhas de promoções.
"Neste período, 39% revelaram tendência de redução - porcentual que contrasta com os 26% observados às vésperas da Black Friday de 2021", apontou o levantamento.
A entidade lembra que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era de 10,7% nos 12 meses encerrados em novembro de 2021, a mais elevada desde o início de 2016. Para os 12 meses encerrados em novembro de 2022, a expectativa é de um IPCA em torno de 6%.
"Desse modo, a desaceleração dos preços tende a elevar o potencial de descontos da Black Friday neste ano, favorecendo, com maior intensidade, a prática de descontos efetivos em relação ao mesmo evento de 2021", previu Bentes.
O levantamento da CNC aponta que os produtos com mais chances de descontos efetivos este ano são sapatos masculinos (com queda de 17% nos preços nos últimos 40 dias ), lavadora de roupas (-13%), smartwatches (-10%), fones de ouvido (-8%) e purificadores de água (-7%). Na direção oposta, os perfumes masculinos e os protetores solares passaram por reajustes de preços recentes, tornando as chances de descontos efetivos "significativamente reduzidas".
A CNC projeta ainda uma movimentação extra de vendas de R$ 1,48 bilhão no varejo por conta da Copa do Mundo.
"Sendo assim, a CNC revisou de 1,2% para 1,3% sua previsão de variação do volume de vendas do varejo, em 2022", concluiu.