Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - Economistas consultados pelo Ministério da Economia voltaram a piorar a expectativa para o rombo primário do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) neste ano, projetado agora déficit de 765,868 bilhões de reais, conforme Prisma Fiscal divulgado nesta quinta-feira.
Os dados foram coletados até o quinto dia útil deste mês. No relatório anterior, de junho, o déficit fora estimado em 708,876 bilhões de reais, pela mediana das expectativas.
A deterioração vem na esteira do forte impacto da crise com o coronavírus sobre a atividade econômica e, por conseguinte, sobre a arrecadação, além dos vultosos gastos extraordinários para amenizar os impactos do surto, como os ligados ao auxílio emergencial.
A expectativa oficial do Ministério da Economia é de déficit primário maior para o governo central, de 795,6 bilhões de reais neste ano, ou 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O número, entretanto, levou em conta retração de 6,5% para o PIB que constava no relatório Focus à época e será revisado após o ministério reiterar na véspera que espera tombo de 4,7% para a economia neste ano.
A meta para o governo central em 2020 é de déficit de 124,1 bilhões de reais, mas o governo não precisará cumpri-la em função do estado de calamidade pública pelo surto de Covid-19.
Para 2021, economistas também pioraram suas estimativas a um rombo de 214,042 bilhões de reais, sobre 200 bilhões de reais antes.
O governo fixou meta de déficit primário de 149,61 bilhões de reais para o ano que vem, mas pediu flexibilidade no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para que ela seja mudada sempre que as receitas para o próximo ano forem recalculadas, já admitindo que o oitavo déficit anual consecutivo do país deve ser muito pior.
Com a deterioração das contas públicas, a expectativa agora é que a dívida bruta sobre o Produto Interno Bruto (PIB) suba a 93,90% do PIB neste ano, sobre percentual de 92,68% visto antes, mostrou o Prisma. Para 2021, a expectativa piorou a 94,40% do PIB, contra 92,79% do PIB no relatório anterior.