Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, depois de reunião bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping, que o governo e os empresários brasileiros querem ampliar e diversificar o comércio com a China e que todos têm a ganhar com essa relação.
"Essa relação bilateral em várias áreas, inclusive com aceno de agregarmos valor ao que produzimos, é muito bem-vinda", disse Bolsonaro ao lado de Xi.
A China é o principal destino das exportações brasileiras, mas o comércio até hoje é basicamente concentrado em commodities, especialmente soja e minério de ferro. O governo brasileiro tenta há bastante tempo ampliar a pauta para incluir mais manufaturados e aumentar o valor agregado das exportações.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, o governo brasileiro tem conversas para ampliar o número, o escopo e o valor agregado dos produtos que o Brasil hoje exporta para a China.
"Precisa aumentar o número de produtos que você manda e o montante de valor agregado. Mas também precisamos fazer nossa lição de casa, os chineses não vão comprar os produtos só porque são brasileiros", disse.
Em sua fala, Xi Jinping defendeu a parceria com o Brasil e disse esperar um intercâmbio em "pé de igualdade" com o país.
"A China atribui grande importância à influência do Brasil na América Latina e no Caribe. Está disposta a trabalhar junto com o Brasil para promover um intercâmbio em pé de igualdade e de confiança mútua", disse o presidente chinês.
Um dos pontos ressaltados por ele é a intenção de alinhar as iniciativas Cinturão e Rota e o Programa de Parcerias em Investimentos (PPI) do Brasil.
Propostos pela China em 2017, Cinturão e Rota representam investimento na América do Sul em projetos de infraestrutura - especialmente estradas, ferrovias, hidrovias e portos - para facilitar a circulação de mercadorias que interessam às empresas chinesas.
A primeira conversa sobre o assunto aconteceu na viagem do vice-presidente Hamilton Mourão a China, em maio deste ano. Ao voltar da viagem, o vice-presidente afirmou em entrevista à Reuters que o Brasil estava aberto aos investimentos chineses, desde que seguissem as regras brasileiras.
"A empresa chinesa não pode chegar aqui e trazer 100.000 chineses para trabalhar no Brasil. Então, foi uma coisa que eu falei para eles. As empresas chinesas geram emprego para os chineses lá na China e queremos emprego para brasileiros no Brasil”, afirmou na época.
O encontro com o presidente chinês acontece à margem da Cúpula dos Brics --grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-- e foi a primeira das quatro bilaterais que Bolsonaro terá com os países do bloco.
Durante o encontro foram assinados oito protocolos e memorandos de entendimento. Entre eles, um protocolo sanitário para exportação de melão, o que deve abrir o mercado chinês para a fruta brasileira.