Por Eduardo Simões
(Reuters) - Em evento de promoção de oficiais generais, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que o Exército representa a estabilidade do país e afirmou que ele e os militares da força terrestre atuam dentro dos limites da Constituição.
Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, disse que ainda integra a força e afirmou que, ao mesmo tempo que respeitam a Constituição, os militares não podem admitir quem saia do balizamento constitucional.
O presidente voltou a se referir à força como "meu Exército", expressão que tem sido criticada por adversários, mas nesta quinta também falou em "nosso Exército" quando argumentou sobre seu papel no país.
"O nosso Exército de respeito, de orgulho, bem como reconhecido por toda a nossa população representa para o nosso Brasil uma estabilidade", disse Bolsonaro ao discursar na cerimônia.
"Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição, sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem por ventura queira sair desse balizamento", acrescentou o presidente.
Na semana passada, Bolsonaro demitiu o general da reserva Fernando Azevedo e Silva do comando do Ministério da Defesa, colocando em seu lugar o também general da reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto, e exonerou os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Azevedo e Silva admitiu a interlocutores após a demissão que se sentia desconfortável no governo e havia uma pressão para maior envolvimento político das Forças Armadas, o que ele não permitiu e terminou por levar a seu afastamento, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
Também na semana passada, Braga Netto anunciou o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que respondia pela chefia de pessoal do Exército, como novo comandante da força, o almirante Almir Garnier, que até então ocupava a Secretaria-Geral do Ministério da Defesa, como comandante da Marinha, e o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, que atuava como comandante do Comando-Geral de Apoio da FAB, para ficar à frente da Força Aérea.
A escolha dos novos nomes, particularmente o do novo comandante do Exército, indicou que a tentativa de Bolsonaro de aumentar o controle sobre as Forças Armadas não foi bem-sucedida, na avaliação de analistas ouvidos pela Reuters.