Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas volumosas e abrangentes para o Rio Grande do Sul, que poderiam trazer algum alívio para as ressecadas plantações de soja, conforme indicaram previsões anteriores, não deverão mais se confirmar na próxima semana, avaliou a Rural Clima nesta quarta-feira.
Em meio aos efeitos do fenômeno La Niña, caracterizado pelo esfriamento das águas do Pacífico equatorial, que causa seca no Sul do Brasil, a esperança era de que um aquecimento do Atlântico sul pudesse trazer chuvas mais fortes para áreas de soja, o que não vai acontecer.
"Esperava-se chuva volumosa no Rio Grande do Sul, mas não vai ter mais, porque nas últimas 48 horas o Oceano Atlântico se esfriou demais", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, em boletim nesta quarta-feira.
"Ou seja, para a terceira semana de janeiro, estava se esperando muita chuva. Vai ter chuva, mas vai ser de forma muito irregular e de baixa intensidade. Então a situação no Rio Grande do Sul é drástica", acrescentou ele.
O resfriamento do Atlântico Sul "tira completamente a pressão de chuvas do Sul do Brasil", concluiu o meteorologista, citando ainda que as temperaturas estão em elevação no interior gaúcho, com previsão de superarem 40 graus Celsius, para agravar o problema das lavouras.
Até o momento, a quebra de safra de soja mais acentuada no Brasil se deu no Paraná, onde o plantio normalmente é mais adiantado. No Rio Grande do Sul, que começa a plantar mais tarde, perdas também são registradas. Mas o tamanho do problema poderia aumentar, dependendo das precipitações.
A Rural Clima estima a safra de soja do Brasil em 134,7 milhões de toneladas, ante uma previsão inicial de 145,5 milhões de toneladas. A maior parte das perdas está no Paraná, cuja previsão de colheita passou de 21,2 milhões para 15,1 milhões de toneladas.
Para o Rio Grande do Sul, segundo boletim divulgado na véspera, a Rural Clima ainda vê uma produção de 19,6 milhões de toneladas, ante 20,8 milhões na expectativa inicial, com a consultoria climática fazendo um alerta de que o tamanho da colheita dependerá das chuvas nos próximos 15 dias na lavouras gaúchas.
De acordo com Santos, Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraguai terão chuvas um pouco melhores na próxima semana, mas ainda serão "um pouco irregulares".
Nesta semana, as precipitações seguem intensas sobre a região central do Brasil, mas a partir do dia 15 elas perdem intensidade, o que deve favorecer os trabalhos de colheita em áreas mais adiantadas.