Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- O Banco Central da China reduziu suas taxas de empréstimo de referência em uma tentativa de estimular sua economia em declínio, enquanto a gigante do comércio eletrônico Alibaba vê uma grande mudança no nível da diretoria. Espera-se que Wall Street retorne do fim de semana prolongado em um clima de cautela. No Brasil, inicia reunião que vai definir os rumos da política monetária.
1. China reduz as taxas de juros
O Banco Popular da China cortou suas principais taxas de referência para empréstimos na terça-feira, no mais recente sinal de que as autoridades do país estão preocupadas com o fato de a recuperação pós-pandemia na segunda maior economia do mundo estar perdendo força.
A taxa básica de juros do empréstimo de um ano foi reduzido em 10 pontos-base, para 3,55%, enquanto o LPR de cinco anos foi cortado pela mesma margem, para 4,20% - as primeiras reduções desse tipo em 10 meses.
O PBOC também reduziu as taxas de política de curto e médio prazo na semana passada.
Entretanto, essas medidas tiveram uma recepção morna, já que as preocupações com o mercado imobiliário do país fizeram com que algumas pessoas no mercado esperassem mais.
O gabinete da China se reuniu na sexta-feira para discutir medidas para estimular o crescimento da economia e, embora nada de novo tenha surgido dessas discussões, medidas de estímulo mais amplas são amplamente esperadas no decorrer do tempo.
O enfraquecimento da economia chinesa também pode estar por trás do aparente desanuviamento nas relações entre Pequim e Washington - a última coisa necessária neste momento seria uma guerra comercial com um importante mercado de exportação.
O Secretário de Estado Antony Blinken se reuniu com o Presidente Xi Jinping na segunda-feira, e o líder chinês classificou o progresso como "muito bom".
Embora pouco tenha sido acordado em termos concretos, os dois lados ainda estão conversando, e o Ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, provavelmente visitará Washington nos próximos meses.
2. CEO do Alibaba chefiará a unidade de nuvem; futuros dos EUA baixa; palestrantes do Fed alertam para cautela
A importância da unidade de nuvem do Alibaba foi revelada na terça-feira, com o gigante do comércio eletrônico chinês anunciando no início da terça-feira que o atual presidente e CEO Daniel Zhang deixará o cargo após oito anos para liderar a unidade principal.
"Este é o momento certo para eu fazer uma transição, dada a importância do Alibaba Cloud Intelligence Group à medida que avança em direção a um spin-off completo", disse Zhang em um comunicado divulgado pelo Alibaba (NYSE:BABA).
O Alibaba anunciou em março que a empresa seria reestruturada em seis grupos de negócios, com o objetivo de separá-los e potencialmente listá-los no próximo ano.
Eddie Yongming Wu, presidente do Taobao e do Tmall Group, assumirá o lugar de Zhang como CEO, enquanto Joseph Tsai, que atualmente é vice-presidente executivo, substituirá Zhang como presidente.
Os futuros dos EUA foram negociados em baixa nesta terça-feira, com os investidores retornando a uma semana encurtada pelo feriado e aguardando com cautela mais pistas sobre a futura política monetária do Federal Reserve.
Às 8h (de Brasília), o contrato Dow futuros havia caído 0,33%, o S&P 500 futures recuava 0,34%, e o Nasdaq 100 futures perdia 0,34%.
As principais médias de ações registraram fortes ganhos na semana passada, depois que o Fed interrompeu seu prolongado ciclo de aumento das taxas, com o S&P 500, de base ampla, e o Nasdaq Composite, de alta tecnologia, registrando seus melhores desempenhos semanais desde março, com alta de 2,6% e 3,3%, respectivamente.
No entanto, investidores parecem relutantes em seguir com maiores ganhos, com o presidente do Fed de St Louis, James Bullard, o presidente do Fed de Nova York John Williams, e o vice-presidente de supervisão do Fed Michael Barr, todos com discurso marcado para mais tarde na sessão.
Além disso, o presidente do Fed Jerome Powell inicia seu depoimento de dois dias no Congresso na quarta-feira.
Essas autoridades podem sugerir um aumento em julho, já que o Fed sinalizou a possibilidade de mais aumentos nas taxas no final do ano se a inflação continuar sendo um problema.
Nas notícias corporativas, a gigante do transporte marítimo FedEx (NYSE:FDX) divulga seus resultados trimestrais após o sino de fechamento.
3. A maré está mudando para os fabricantes de aeronaves
Duramente atingidos durante a pandemia, os fabricantes de aeronaves estão começando a dar sinais de que deram a volta por cima, com a demanda aparentemente em alta.
A Airbus (EPA:AIR) garantiu um negócio histórico na segunda-feira, anunciando um pedido de 500 jatos de fuselagem estreita da companhia aérea indiana IndiGo - o maior número de jatos já comprados por uma única companhia aérea.
O acordo supera a compra combinada de 470 jatos pela Air India no início deste ano, já que as duas maiores companhias aéreas da Índia planejam uma forte expansão na demanda de viagens regionais.
Isso ocorre depois que a rival Boeing (NYSE:BA) declarou, no fim de semana, que espera aumentar a produção de seu 737 MAX mais vendido para 38 jatos por mês "muito em breve", já que a empresa norte-americana procura tirar proveito do aumento da demanda.
Dito isso, é provável que ainda haja problemas no futuro, com o chefe da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal, observando que a empresa ainda deve enfrentar instabilidade na cadeia de suprimentos, enquanto o CEO da Airbus, Guillaume Faury, disse que a interrupção do fornecimento continua sendo um problema de curto prazo.
4. Petróleo misto; preocupações com a demanda permanecem apesar do corte da China
Os preços do petróleo foram negociados de forma mista na terça-feira, com os comerciantes dos EUA voltando do fim de semana prolongado para digerir o corte das taxas chinesas.
Às 8h03 (de Brasília), os futuros do petróleo dos EUA estavam 0,13% mais baixos, a US$ 71,84 por barril, em relação ao fechamento de sexta-feira, enquanto o contrato Brent subiu 0,75%, para US$ 76,66 por barril. Não houve liquidação do contrato WTI na segunda-feira, devido a um feriado público nos Estados Unidos.
As preocupações crescentes com a recuperação econômica da China, o maior importador de petróleo do mundo, têm pesado sobre os preços do petróleo ultimamente, e o último corte na taxa básica de juros do país [veja acima] teve um impacto limitado, já que foi amplamente antecipado pelos mercados.
Os investidores também estão nervosos antes do depoimento de dois dias do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso, que começa na quarta-feira, uma vez que o Banco Central deu a entender que haverá mais aumentos nas taxas de juros no futuro, mesmo tendo interrompido seu ciclo de aperto de um ano na semana passada.
A perspectiva de aumento das taxas dos EUA e o impacto associado sobre a atividade econômica no maior consumidor de energia do mundo pesaram muito sobre o petróleo este ano.
Os estoques de petróleo bruto dos EUA saltaram quase 8 milhões de barris na semana passada, muito acima da previsão, enquanto os estoques de combustível também excederam as expectativas, levantando questões sobre a demanda de energia durante o período de pico das viagens de verão.
5. Inicia reunião de Política Monetária no Brasil
A reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira, 20, com o anúncio da definição do patamar da taxa básica de juros na quarta-feira, 21. A expectativa consensual é de que a Selic seja mantida em 13,75%, mesmo com a desaceleração da inflação.
A inflação brasileira medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação positiva de 0,23% no mês de maio, com indicador anual atingindo 3,94%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado inferior às projeções reforçou a expectativa de uma eventual flexibilização monetária, mas as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicam que o afrouxamento não deve iniciar nesta reunião. No entanto, economistas esperam que o comunicado abra as portas para a queda da Selic, “preparando o terreno”, para as próximas decisões.
Às 8h03 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,93% no pré-mercado.
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