Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduzirá na próxima semana sua previsão de crescimento global de 2,9% em 2023, disse a diretora-gerente do fundo, Kristalina Georgieva, nesta quinta-feira, citando riscos crescentes de recessão e instabilidade financeira.
Georgieva disse que as perspectivas para a economia global estão piorando devido aos choques causados pela pandemia da Covid-19, a invasão russa da Ucrânia e os desastres climáticos em todos os continentes, e que ainda pode piorar.
"Estamos passando por uma mudança fundamental na economia global, de um mundo de relativa previsibilidade... para um mundo com mais fragilidade, maior incerteza, maior volatilidade econômica, confrontos geopolíticos e desastres naturais mais frequentes e devastadores", disse ela em texto de um discurso na Universidade de Georgetown.
Georgieva disse que a velha ordem, caracterizada por taxas de juros e inflação baixas, está dando lugar a uma em que "qualquer país pode ser desviado do curso mais facilmente e com mais frequência".
Ela disse que todas as maiores economias do mundo - Europa, China e Estados Unidos - estão desacelerando, o que está diminuindo a demanda por exportações de países emergentes e em desenvolvimento, já duramente atingidos pelos altos preços de alimentos e energia.
O FMI reduzirá sua previsão de crescimento para 2023 de 2,9%, sua quarta revisão para baixo neste ano, quando divulgar seu relatório Perspectiva Econômica Global na próxima semana, disse Georgieva. O credor global deixará sua previsão atual de crescimento de 3,2% em 2022 inalterada, disse ela, e não deu números para a nova previsão de 2023.
A guerra na Ucrânia e os riscos econômicos globais vão dominar os encontros anuais do FMI e do Banco Mundial na próxima semana em Washington, que reúnem ministros das Finanças e banqueiros centrais de todo o mundo.
O FMI estima que os países que respondem por cerca de um terço da economia mundial terão pelo menos dois trimestres consecutivos de contração neste ano ou no próximo, disse Georgieva.
"E mesmo quando o crescimento for positivo, irá parecer uma recessão por causa da queda da renda real e aumento dos preços", disse ela.
Georgieva disse que a inflação permanece alta, mas os bancos centrais devem continuar a responder de forma decisiva, mesmo que a economia desacelere.
Georgieva pediu maior apoio aos mercados emergentes e países em desenvolvimento, observando que as altas taxas de juros nas economias avançadas e o dólar forte provocaram saídas de capital.
(Reportagem de Andrea Shalal)
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