Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que conversou com o presidente do Banco Central e que Roberto Campos Neto garantiu a existência de liquidez na economia em meio à crise conflagrada pela disseminação do coronavírus.
"Ele me assegurou que as condições de liquidez estão absolutamente estáveis e ele vai garantir essa manutenção da estabilidade no mercado de assistência de liquidez", disse ele a jornalistas, na saída do Ministério da Economia.
"Ele começa a anunciar daqui a pouco, se vocês forem daqui para lá conversar com ele e perguntarem ele vai anunciar também as medidas para garantia de liquidez. Disse que os bancos brasileiros estão absolutamente líquidos, estão bastante confortáveis", acrescentou.
O ministro também afirmou que começa a valer hoje a liberação de compulsórios anunciada pelo BC no mês passado.
Quando fez esta divulgação, a autoridade monetária informou que a diminuição de 31% para 25% da parcela dos depósitos a prazo que os bancos são obrigados a recolher ao BC teria efeito a partir de 16 de março.
Questionado sobre eventual mudança de datas, o BC esclareceu que as novas regras começam a valer de fato na segunda-feira. Por outro lado, não informou imediatamente se haverá anúncio de medidas adicionais nesta sexta-feira.
Em fevereiro, o BC também divulgou o aumento da parcela dos compulsórios que pode ser considerada para o cumprimento do Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR), liberando outros 86 bilhões de reais, o que já estava valendo desde o início deste mês.
"(Recursos de) 135 bilhões de reais de redução de compulsório, eles entram hoje na economia", afirmou Guedes, somando as duas iniciativas.
"Então exatamente no momento em que economia pode estar começando a receber o impacto de fora, 135 bilhões de reais estão saindo em assistência de liquidez", completou.
Guedes afirmou que bancos pequenos e médios estão sendo monitorados, mas negou que estejam com problemas.
De acordo com o ministro, a avaliação do BC é que existe "muita munição" e que a crise não ameaça a estabilidade do sistema financeiro. Depois de conversar com dirigentes de bancos públicos em reunião no ministério, o Guedes afirmou que estes estão absolutamente líquidos.
Para o chefe da Economia, os bancos públicos estão se antecipando, entrando em entendimento com as empresas de setores críticos que sabem que podem ser atingidos.
"Podem rolar (empréstimos), em vez de pagar os juros nos próximos dois, três meses, podem rolar dois, três meses. Tudo isso (eles) já estão estudando. Mas não adianta você ajudar quem não está precisando de ajuda. Você tem que esperar o impacto", afirmou.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse que o banco dispõe de 75 bilhões de reais que pode disponibilizar no curto prazo em reação ao coronavírus, sendo 30 bilhões de reais para eventual compra de carteira de bancos médios focada em consignado e automóveis.
"É se precisar, hoje não precisa", disse ele sobre a possível compra de carteiras das instituições menores.
Outros 40 bilhões de reais estão separados para o segmento de capital de giro, em especial para parte imobiliária e pequenas e médias empresas, além de mais 5 bilhões de reais para crédito agrícola.
Já o presidente do Banco do Brasil (SA:BBAS3), Rubem Novaes, afirmou que a crise é séria, mas temporária, e que o banco também está pronto para agir. Ele não entrou em detalhes, contudo, sobre possíveis valores ou sobre as linhas de crédito que podem ser reforçadas.