Importação de soja pela China deve perder força pelo resto do ano com uso limitado de farelo

Publicado 23.07.2021, 08:50
© Reuters. Desembarque de soja no porto de Nantong, China 
06/08/2018
REUTERS/Stringer
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Por Hallie Gu e Gavin Maguire

PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - As importações de soja pela China deverão desacelerar de forma acentuada no final de 2021 após terem atingido um recorde no primeiro semestre, frustrando expectativas de um crescimento sustentado na maior compradora global da oleaginosa e afetando o sentimento do mercado justamente no momento em que produtores norte-americanos procuram vender sua nova safra.

Um colapso na lucratividade do setor de suínos e um forte aumento no uso de trigo como ração animal estão reduzindo a demanda por soja na China, onde agora as importações poderão ficar abaixo dos 100 milhões de toneladas neste ano, ante estimativa de 102 milhões de toneladas publicada recentemente pelos Estados Unidos.

Como a China é responsável por 60% das importações globais de soja, seu apetite reduzido --enquanto produtores nos EUA caminham para colher o que é projetado como a terceira maior safra da história-- deve adicionar ainda mais volatilidade à commodity, que atingiu máximas de nove anos em 2021.

"A demanda por farelo de soja está chegando ao fundo do poço. A base está agora em menos 120 iuanes (no norte da China), menor nível deste ano. A demanda pode voltar a subir, mas agora está uma droga", disse um gerente de uma empresa de esmagamento no norte da China, que processa em média duas cargas de soja por mês.

"Nós não podemos fazer pedidos para compras. O volume das exportações dos EUA certamente será afetado."

Sua fábrica possui apenas um carregamento reservado para agosto --normalmente, estaria com reservas cheias até o final de outubro. Com a situação atual, os processadores de soja em Shandong teriam prejuízo de quase 400 iuanes para cada tonelada esmagada da oleaginosa.

© Reuters. Desembarque de soja no porto de Nantong, China 
06/08/2018
REUTERS/Stringer

A China importou um recorde de 48,95 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2021, alta de quase 9% na comparação anual, com seu rebanho de suínos se recuperando do surto de uma doença mortal e o Brasil --maior produtor de soja do mundo-- embarcando uma safra recorde. Agora, no entanto, a demanda está cambaleando, segundo analistas.

"O ímpeto das importações no começo do ano foi bem forte. Mas desde maio, o crescimento na comparação anual tem desacelerado", disse Zou Honglin, analista do Myagric.com.

"Os sinais não parecem otimistas para uma recuperação no momento. As margens domésticas de esmagamento ainda estão no vermelho, enquanto os estoques de farelo de soja continuam elevados", afirmou Howie Lee, economista do OCBC Bank. "Usando os pedidos da nova safra dos EUA como 'proxy', a China não tem feito tantos pedidos quanto em 2020."

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