O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse estar comprometido com a solidez fiscal do País e afirmou que isso é um pilar da democracia brasileira. Ele reconheceu que inflação, câmbio e juros afetam diretamente a vida da população.
A fala, publicada em sua conta no Twitter, vem depois da debandada de membros da equipe econômica após uma mudança na regra do teto de gastos, feita para acomodar o aumento de despesas decorrente do reajuste do Bolsa Família e de um auxílio diesel para caminhoneiros autônomos.
"Estamos comprometidos com a solidez fiscal do País. É um pilar importante de nossa democracia. Dados os fatos dos últimos dias, temos convicção de que precisamos da união de todos os poderes para solucionarmos mais este impasse. Inflação, câmbio e juros afetam diretamente a vida da população", disse.
Na última segunda-feira, 18, antes da guinada na política econômica, Lira disse que não se pode "pensar só em teto de gastos e responsabilidade fiscal" em detrimento da população, que tem sofrido com a disparada de preços e os efeitos econômicos e sociais da pandemia de covid-19.
A fala foi interpretada como um aval de Lira ao presidente Jair Bolsonaro e à ala política do governo, que defendia medidas de apoio à população mais pobre mesmo que elas comprometessem a solidez fiscal. A equipe de Guedes, por sua vez, tentava barrar qualquer programa fora do teto de gastos - a regra que limita o avanço das despesas à variação da inflação.
Ontem, 21, a comissão especial da Câmara aprovou a Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios, que adia o pagamento de parte das dívidas judiciais do governo e altera a regra de correção do teto de gastos. Combinadas, as mudanças vão abrir R$ 83,6 bilhões no teto em 2022, segundo cálculos do governo revelados pelo Broadcast, um espaço à disposição no ano em que o presidente buscará a reeleição. A PEC, que foi tema de discussões no Judiciário e no Legislativo, deve ser votada pelo plenário da Câmara na próxima semana.