Por Horacio Soria e Claudia Martini
BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente argentino, Alberto Fernández, e manifestantes em Buenos Aires se opuseram ao Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quinta-feira, em meio a tensões crescentes com o credor, à medida que o país enfrenta uma inflação de quase 109% e reservas cambiais em declínio.
O produtor de grãos da América do Sul, que possui uma relação tensa com o FMI, concordou com um programa de 57 bilhões de dólares com o órgão em 2018, sob a liderança conservadora do ex-presidente Mauricio Macri, para evitar uma crise econômica. A iniciativa não obteve sucesso e foi substituída por um novo acordo de 44 bilhões de dólares no ano passado.
As tensões aumentaram, no entanto, à medida que uma seca severa afetou as exportações de grãos, principal fonte de dólares da Argentina, levando os dois lados de volta à mesa de negociações para reformular o acordo. Buenos Aires deseja pagamentos mais rápidos e metas econômicas mais flexíveis.
"Mais do que uma dívida, é um crime", escreveu o presidente Fernández em um tuíte nesta quinta-feira, citando um novo relatório de auditoria do governo concluindo que o acordo original carecia de estudo de impacto necessário e não havia passado pelos canais legislativos adequados.
O FMI preferiu não comentar as novas críticas ao acordo.
Nas ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira, milhares de argentinos marcharam em protesto contra as duras condições econômicas e o FMI, que muitos culpam pelas medidas de austeridade que agravaram a pior crise econômica da Argentina em duas décadas.
(Reportagem de Horacio Soria e Claudia Martini; Reportagem adicional de Rodrigo Campos)