(Reuters) - O Rabobank aumentou suas estimativas de inflação para 7,3% em 2022 e 3,8% em 2023, ante expectativas anteriores de 6,7% e 3,7%, respectivamente, e vê extensão do atual ciclo de aperto monetário, conforme relatório com data desta segunda-feira.
A alteração das projeções ocorreu depois de na semana passada o IBGE informar alta de 1,62% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março sobre fevereiro, maior taxa para o mês em 28 anos, e de 11,30% em 12 meses, pico desde 2003, causada principalmente pelos maiores preços de combustíveis e alimentos.
O Rabobank apontou que os choques sobre os preços demandam um ajuste nos juros maior do que o planejado e também classificou como otimistas as projeções do BC para a inflação de março a maio: 1,02%, 1,21% e -0,14% respectivamente. O banco privado lembrou fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a extensão desses choques ditará o calibre da política monetária.
"A nosso ver, esses choques exigem que o BC eleve a taxa Selic para até 13,25% na reunião de junho, embora Campos Neto tenha reafirmado que parar em 12,75% no encontro de maio deveria ser suficiente para reancorar as expectativas de inflação", disseram Mauricio Une e Gabriel Santos, que assinam o relatório.
O Rabobank esperava que a mudança da bandeira de energia --de vermelha para verde, anunciada na última quarta-feira-- ocorresse apenas a partir de maio. Com a antecipação da medida, cerca da metade do impacto no IPCA estimado para maio (-0,85 ponto percentual) será trazido para abril, sem gerar mudança no prognóstico para a inflação de 2022.
Uma redução pela Petrobras (SA:PETR4) de 5,6% nos preços do gás de cozinha (GLP) nas refinarias deve ter efeito benigno, ainda que pequeno, nos dados de inflação do próximo mês. As estimativas do Rabobank para o IPCA mensal são de 0,69% em abril, -0,07% em maio, 0,39% em junho, 0,65% em julho, 0,42% em agosto e 0,29% em setembro.
(Por Victor Borges)