Trump leva luta contra o Fed a nível sem precedentes com tentativa de demitir diretora
Por Carjuan Cruz
Investing.com - Embora os temores de recessão estivessem dando lugar à possibilidade de que fosse apenas uma desaceleração econômica ou mesmo uma contração leve, o economista Nouriel Roubini fez soar o alarme novamente, alertando para uma crise mais profunda.
"A ideia de que isso vai ser curto e superficial é totalmente ilusória. Lamento não concordar. Existem muitas razões pelas quais vamos ter uma grave recessão e uma grave crise financeira e de dívida", disse o renomado analista econômico, CEO da Roubini Macro Associates, conhecido por Dr. Apocalipse por ter previsto a crise econômica e financeira de 2008.
Segundo o economista, o cenário atual é diferente das quedas anteriores sofridas pela economia. Ele lembrou que na crise de 1970, quando se tratava de um cenário com duas das mesmas variáveis, desaceleração e inflação, os índices de endividamento eram baixos. Já na crise financeira de 2008, embora tenha havido uma crise da dívida, a inflação não saiu do controle.
"Nas recessões anteriores, como as duas últimas, tivemos uma flexibilização monetária e fiscal maciça. Desta vez, entraremos em recessão apertando a política monetária e não há espaço fiscal. Agora há choques de oferta agregada negativos e índices de dívida historicamente altos”, destacou Roubini em entrevista à Bloomberg TV.
Para o especialista, não é possível que o Federal Reserve dos Estados Unidos consiga um pouso suave, controlando a inflação sem causar recessão, até porque os estímulos aplicados na pandemia podem não estar mais disponíveis nessa contração.
“Famílias, governos e corporações foram socorridos durante o COVID”, lembrou.
E agora, diz o especialista, os índices de endividamento são historicamente altos e ele diz que o percentual da dívida em relação ao PIB nas economias avançadas chega a 420%.
Para o especialista, esse contexto continuará prejudicando o mercado de ações: “Em recessões simples típicas, as ações americanas e mundiais tendem a cair cerca de 35%. Mas, porque a próxima recessão será estagflacionária, acompanhada de uma crise financeira, o colapso dos mercados poderá aproximar-se dos 50%”, disse o economista.