Por Pavel Polityuk e Carlos Barria
LVIV/IRPIN, Ucrânia (Reuters) - A Rússia alertou que o preço do barril de petróleo pode disparar para 300 dólares e ameaçou fechar o principal gasoduto para a Alemanha se o Ocidente interromper as importações de petróleo russo devido à invasão da Ucrânia, enquanto as negociações de paz tiveram pouco progresso nesta segunda-feira.
A incursão russa, o maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial, levou 1,7 milhão de pessoas a fugir e resultou em uma série de sanções a Moscou, além de um êxodo de empresas estrangeiras da Rússia e temores de um conflito mais amplo impensável por décadas.
Os cercos e bombardeio de cidades ucranianas continuaram.
Autoridades ucranianas afirmaram que uma fábrica de pães foi atingida por um ataque aéreo da Rússia nesta segunda-feira. Os corpos de pelo menos 13 civis foram recuperados dos escombros. A Reuters não conseguiu verificar os detalhes. A Rússia nega atacar civis.
Buscando aumentar a pressão sobre o presidente russo, Vladimir Putin, os Estados Unidos disseram que Washington e seus aliados europeus estão considerando proibir as importações de petróleo russo. Os preços do petróleo atingiram seus níveis mais altos desde 2008.
"A rejeição do petróleo russo levaria a consequências catastróficas para o mercado global", disse o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, acrescentando que o preço pode mais que dobrar para mais de 300 dólares por barril.
O presidente dos EUA, Joe Biden, realizou uma videoconferência com os líderes de França, Alemanha e Reino Unido conforme pressiona pelo apoio à proibição.
Mas, se necessário, os Estados Unidos estão dispostos a seguir em frente sem aliados na Europa, disseram à Reuters duas pessoas familiarizadas com o assunto. Muitos países europeus dependem fortemente da energia russa.
"Temos todo o direito de tomar uma decisão correspondente e impor um embargo ao bombeamento de gás pelo gasoduto Nord Stream 1", disse Novak. Recentemente, a Alemanha congelou a certificação do gasoduto Nord Stream 2.
NEGOCIAÇÕES DIFÍCEIS
Mais de 1,7 milhão de ucranianos fugiram para a Europa Central desde que o conflito começou em 24 de fevereiro, disse a agência de refugiados da ONU nesta segunda-feira, com mais de 1 milhão chegando à vizinha Polônia.
A Rússia chama suas ações na Ucrânia de "operação especial" que, segundo ela, não foi projetada para ocupar território, mas para destruir as capacidades militares de sua vizinha e capturar o que considera nacionalistas perigosos.
Após a terceira tentativa de aliviar o derramamento de sangue com negociações em Belarus, um negociador ucraniano disse que, embora tenham sido feitos pequenos progressos no acordo de logística para a retirada de civis, as coisas permaneceram praticamente inalteradas.
"Até agora, não há resultados que melhorem significativamente a situação", disse o negociador Mykhailo Podolyak.
O negociador russo Vladimir Medinsky disse a jornalistas que as negociações "não foram fáceis".
"Esperamos que a partir de amanhã esses corredores finalmente funcionem", afirmou ele.
Uma quarta rodada de negociações ocorrerá muito em breve, disse o negociador russo Leonid Slutsky à televisão estatal russa.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à Reuters que Moscou interromperia as operações se a Ucrânia parasse de lutar, alterasse sua constituição para declarar neutralidade e reconhecesse a anexação da Crimeia pela Rússia e a independência de regiões controladas por separatistas apoiados pela Rússia.
A Rússia havia oferecido rotas de fuga aos ucranianos para a Rússia e Belarus, sua aliada próxima, nesta segunda-feira, após tentativas de cessar fogo para a retirada de pessoas ao longo do fim de semana terem falhado. Na cidade portuária sitiada de Mariupol, centenas de milhares de pessoas continuam presas, sem comida e água, e sob bombardeios regulares. Um porta-voz do presidente ucraniano disse que a proposta russa era "completamente imoral".
Pela proposta da Rússia, um corredor da capital Kiev levaria a Belarus, aliada da Rússia, e civis de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, seriam direcionados para a Rússia, segundo mapas publicados pela agência de notícias RIA.
“Tentativas dos ucranianos de enganar a Rússia e todo o mundo civilizado... são inúteis desta vez”, disse o ministério de Defesa da Rússia após anunciar os “corredores humanitários”.
(Reportagem de redações da Reuters)