Saiba o que é o metanol, substância encontrada em bebidas em SP

Publicado 01.10.2025, 11:10
© Reuters.  Saiba o que é o metanol, substância encontrada em bebidas em SP

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Ele foi identificado como causa de 22 episódios de intoxicação no Estado, sendo 5 confirmados e 17 em investigação. Uma morte foi confirmada, e 4 estão sob investigação.

O metanol é um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira”, pois era obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

Pequenas quantidades de metanol podem ocorrer naturalmente em frutas e vegetais ou surgir como subproduto da fermentação alcoólica, mas nesses níveis não há risco para o consumo. O corpo humano também o produz em doses ínfimas.

Segundo o analista químico Siddhartha Giese, representante do Sistema CFQ (Conselho Federal de Química), o metanol é utilizado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, biodiesel, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.

O risco da adulteração

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas. Foi essa prática que levou aos casos de intoxicação registrados em São Paulo, em 3 cidades do Estado.

A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

Efeitos no organismo

O perigo maior aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:

  • respiração acelerada;
  • aumento da frequência cardíaca;
  • dor abdominal persistente;
  • danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.

A ingestão de pequenas quantidades já é extremamente perigosa: de 4 mL a 10 mL podem causar cegueira permanente, enquanto 30 mL de metanol puro podem ser letais.

Segundo o CFQ, a menor dose tóxica registrada em humanos foi de 340 mg por quilo de peso corporal. Isso significa que uma pessoa de 70 kg poderia sofrer efeitos graves — potencialmente letais — com apenas 24 g de metanol puro (cerca de 30 mL).

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Prevenção e controle

Para evitar intoxicações, recomenda-se:

  • verificar a procedência das bebidas compradas;
  • desconfiar de preços muito abaixo do mercado;
  • não consumir produtos sem registro oficial.

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

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