BRUXELAS (Reuters) - A Comissão Europeia vai adiar seu plano de propor um novo imposto sobre os serviços digitais em julho, disse um porta-voz nesta segunda-feira, após intensa pressão do governo norte-americano.
Algumas autoridades europeias também questionaram o valor do imposto planejado do executivo da União Europeia (UE) depois que as 20 maiores economias do mundo concordaram no sábado com uma reforma global do imposto corporativo.
O governo dos Estados Unidos está desconfiado da iniciativa da UE, pois deseja que os impostos nacionais sobre serviços digitais existentes sejam revogados como parte da revisão global da tributação transfronteiriça das empresas.
"Decidimos colocar em espera nosso trabalho em nosso novo imposto digital como um novo recurso próprio da UE", disse o porta-voz da comissão, Daniel Ferrie, em coletiva de imprensa em Bruxelas.
A UE vai reavaliar a situação no outono do hemisfério norte, disse ele.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, se reuniu com autoridades de alto escalão da UE nos últimos dias e se encontrou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas na segunda-feira. Antes da reunião, uma fonte próxima à UE disse que era uma prioridade para Yellen inviabilizar o novo imposto digital.
Os Estados Unidos também temiam que o plano da UE, se proposto em julho, pudesse minar o acordo global e complicar sua aprovação no Congresso norte-americano. Mesmo dentro da Comissão houve oposição, com uma autoridade europeia compartilhando a visão de que a nova taxa poderia prejudicar o acordo global mais amplo.
A UE vem tentando há anos impor seu próprio imposto digital e pretendia apresentar sua proposta neste mês para aumentar as receitas para financiar seu enorme plano de recuperação econômica pós-pandemia.
(Por Francesco Guarascio; reportagem adicional de David Lawder e Gabriela Baczynska)