SÃO PAULO (Reuters) - A demanda por diesel A (sem mistura de biodiesel) deverá cair 1,5% em 2024 no Brasil na comparação com o recorde de 2023, para 57,2 bilhões de litros, diante de um aumento da mistura do biocombustível no combustível fóssil, estimou nesta terça-feira a consultoria StoneX.
Além disso, um menor crescimento esperado na demanda do diesel B (com mistura de biodiesel) também impacta no consumo do combustível fóssil, o que resultará em uma queda nas importações de diesel A pelo país, apontou a StoneX.
A demanda por diesel B no Brasil para 2024 foi estimada nesta terça-feira em 66 bilhões de litros, estável ante a previsão anterior, indicando um crescimento de apenas 0,76% na comparação com o recorde do ano passado, de acordo com relatório da StoneX.
Para 2024, a tendência de crescimento do consumo por diesel no Brasil deve continuar, mas a um ritmo menor, ressaltou a consultoria, citando uma redução na demanda para transporte de grãos e atividades agrícolas, já que a produção somada de soja e milho, as duas principais safras do país, deve ser 7,5% menor neste ano.
Além disso, o crescimento econômico brasileiro ter uma velocidade menor em 2024, completou a StoneX, com base no Boletim Focus projetando um ampliação anual do PIB em 1,6%.
Diante da maior fatia do biodiesel na mistura do diesel -- de 12% para 14% a partir de março --, e considerando uma produção nacional estável do derivado de petróleo, as estimativas da StoneX apontam também para uma redução anual das importações de diesel A, em 4,9%, totalizando 13,8 bilhões de litros.
"Com isso, a dependência das importações no consumo doméstico total do combustível passará de 24,9% em 2023 para 20,9% em 2024, sendo o segundo ano seguido de baixa desse indicador", afirmou em relatório.
Ainda assim, é importante considerar que o volume das importações segue expressivo, sendo o quarto maior desde o início da série histórica, considerando dados da reguladora ANP.
MAIS ÓLEO DE SOJA
"Adicionalmente, o avanço de 2 pontos percentuais na mistura obrigatória (de biodiesel) provocará grande impacto na demanda por matérias-primas, com destaque para o óleo de soja", acrescentou a StoneX.
A consultoria estima que o consumo de óleo de soja para a produção de biodiesel crescerá de 5,8 milhões de toneladas em 2023 para 7,4 milhões de toneladas em 2024, um incremento anual de 27,5% para a principal matéria-prima do biocombustível.
No cálculo, a StoneX considera uma parcela significativa do óleo de soja contido na categoria “outros materiais graxos”.
"Dessa forma, a participação do óleo como matéria-prima avançou de 78,8% em 2022 para 82,2% em 2023, percentual que pode chegar próximo a 89% em 2024."
Essa fatia costuma girar em torno de pouco mais 70%, desconsiderando o óleo de soja na categoria de "outros materiais graxos".
(Por Roberto Samora)