Por Rupam Jain
(Reuters) - Ashraf Haidari, economista do Ministério das Finanças afegão, estava esperando apreensivamente em casa quando veio uma ligação do Taliban: um comandante ordenou que ele volte ao trabalho para ajudar a administrar o país assim que os "estrangeiros loucos" partirem.
Como milhares de outros que trabalhavam para o governo apoiado pelo Ocidente, varrido pela conquista vertiginosa do Afeganistão por parte dos militantes islâmicos, ele temia poder ser vítima de represálias.
O comandante pediu a Haidar que voltasse ao ministério, onde trabalha alocando fundos para as 34 províncias do país.
"Ele disse 'não entre em pânico ou tente se esconder, as autoridades precisam do seu conhecimento para administrar nosso país depois que os estrangeiros loucos partirem'", disse Haidari, de 47 anos, à Reuters.
Para se adequar às normas do antigo governo do Taliban, quando o grupo impôs brutalmente uma interpretação rígida da lei islâmica, Haidari deixou a barba crescer. Depois do telefonema de domingo, ele trocou o terno por túnicas afegãs tradicionais para se encontrar com seus novos chefes.
A Reuters conversou com três outros funcionários de escalão médio do Ministério das Finanças e do Banco Central que disseram ter sido orientados pelo Taliban a voltarem ao trabalho, já que o país enfrenta uma turbulência econômica e escassez de dinheiro.
Sohrab Sikandar, que trabalha no departamento de rendas do ministério, disse que não viu nenhuma colega desde que voltou ao escritório --durante o governo de 1996 a 2001 do Taliban, as mulheres eram proibidas de trabalhar, tinham que cobrir o rosto e só sair de casa na companhia de um parente masculino.