Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros de longo prazo fecharam em alta nesta terça-feira na esteira do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries subiam antes da decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, e com investidores também à espera do desfecho do encontro do Copom no Brasil.
O início do dia foi marcado pela divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que subiu 0,44% em julho na ante junho, em dado dessazonalizado. A leitura de julho ficou acima da expectativa apontada em pesquisa da Reuters de avanço de 0,3%. No entanto, o dado de junho foi revisado para baixo, de alta de 0,63% para elevação de 0,22%.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que os números do IBC-Br acabaram por não influenciar a curva de juros brasileira. Segundo um deles, a revisão para baixo do dado de junho acabou anulando eventual efeito da alta de julho.
Assim, o viés positivo para as taxas futuras veio do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries subiam, em especial entre os contratos de prazos mais longos.
“Há certa cautela prevalecendo antes da decisão de juros dos EUA. Embora seja largamente esperado que a taxa de juros fique estável (na quarta-feira), as projeções dos membros do Federal Reserve devem continuar indicando a possibilidade de mais uma alta este ano”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho (NYSE:MFG).
“É isso que está mantendo os juros lá fora em alta, principalmente os de 10 anos”, acrescentou.
A abertura da curva norte-americana levou à alta das taxas também na ponta longa brasileira, enquanto as taxas curtas se mantinham perto da estabilidade.
O movimento do dia não alterou a precificação para o encontro desta quarta-feira do Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Perto do fechamento desta terça a curva a termo precificava zero chance de o corte da taxa básica Selic ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 100%. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
Mais do que a decisão em si, investidores estarão atentos nesta quarta-feira à comunicação do BC, em busca de pistas sobre a possibilidade de aceleração dos cortes de juros para 0,75 ponto percentual nos encontros de novembro e dezembro.
Sondagem feita pela Reuters entre 11 e 14 de setembro mostrou que todos os 48 economistas do mercado questionados projetam queda de 0,50 ponto percentual dos juros básicos nesta quarta-feira. De 42 entrevistados que responderam a uma pergunta adicional, 37 esperam que a Selic encerre este ano em 11,75%, o que sugere quedas de 0,50 ponto percentual em cada uma das três últimas reuniões de 2023. Os respondentes restantes viram a taxa encerrando dezembro a 11,50%.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,265%, ante 12,28% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,5%, ante 10,434% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,2%, ante 10,095%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,445%, ante 10,344%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,77%, ante 10,673%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta.
Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos --que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- subia 4,30 pontos-base, a 5,1072%.
O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 4,60 pontos-base, a 4,3647%.