Por Gabriela Baczynska e Robin Emmott
VARSÓVIA/BRUXELAS (Reuters) - Os países da União Europeia se aproximam de um acordo de estímulo de grande porte para reativar economias abaladas pelo coronavírus, mas desentendimentos a respeito da escala e do acesso a fundos persistem antes da cúpula de sexta-feira.
Os 27 chefes das nações da UE se encontrarão pessoalmente pela primeira vez desde que a Covid-19 forçou a Europa a adotar um isolamento abrangente. Eles debaterão seu próximo orçamento proposto de 1,074 trilhões de euros para 2021-27 e um fundo de recuperação de 750 bilhões de euros em concessões e empréstimos anexado a ele.
Holanda, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Áustria – os contribuintes ricos, mas parcimoniosos, dos cofres do bloco – querem reduzir a escala do financiamento, favorecer empréstimos ao invés de concessões para seus parceiros do sul mais duramente atingidos pela pandemia e exigir reformas econômicas como precondições para o acesso ao dinheiro.
Também persistem as diferenças a respeito dos procedimentos para avaliar e aprovar, ou rejeitar, os pedidos de benefícios do novo fundo de 750 bilhões de euros, além da formulação de condições para o respeito dos valores democráticos e o combate à mudança climática para a liberação de ajuda.
"Falando racionalmente, um acordo é possível, mas cúpulas nem sempre são racionais", disse um diplomata veterano da UE antes das conversas planejadas para sexta-feira e sábado.
"A única coisa que os frugais não aceitaram inteiramente é a divisão entre concessões e empréstimos... eles querem diminuir os valores, assim como insistem em questões de governança, descontos, o equilíbrio geral".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que comandará as conversas em Bruxelas, apresentou um plano consensual que pacifica em parte os temores do campo frugal, cansado de bancar colegas que veem como fiscalmente irresponsáveis e desejosos de manter suas restrições ao orçamento do bloco.
A Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, apertou o cerco aos acadêmicos, à mídia e à sociedade civil, reagiu a novos mecanismos que permitiriam o congelamento de fundos para países que afrontam o Estado de Direito, uma questão de princípio para os contribuintes ricos.
Os olhares também se concentrarão na chanceler alemã, Angela Merkel, que controla a maior economia da UE e defende a adoção de um acordo, apesar da necessidade de preencher as lacunas.
Desavenças entre os países-membros a respeito de dinheiro, suprimentos médicos e fechamentos de fronteiras durante a crise do coronavírus expuseram divisões no maior bloco comercial do mundo, mas desde então este conseguiu aprovar meio trilhão de euros de alívio econômico imediato.
(Por Gabriela Baczynska, Robin Emmot, Elizabeth Pinneau, Andreas Rinke)