SÃO PAULO (Reuters) - A XP (SA:XPBR31) elevou sua expectativa para o patamar dos juros básicos ao fim de 2022 em 1 ponto percentual completo, a 13,75%, perspectiva que veio acompanhada de nova revisão para cima em suas projeções de inflação e crescimento para este ano, embora a atividade econômica deva sentir o impacto do aperto monetário em 2023.
Em revisão de cenário anunciada nesta quinta-feira, a instituição financeira passou a prever alta de 7,4% do IPCA em 2022, contra taxa de 7,0% estimada antes. Para 2023, foi mantida expectativa de avanço de 4,0% do índice.
Ambas as estimativas estão acima da meta oficial para os períodos. Os objetivos de inflação perseguidos pelo Banco Central são de 3,50% para este ano e de 3,25% para o próximo, com margem de tolerância de 1,50 ponto percentual para mais ou menos.
Num contexto de inflação persistente, com várias surpresas para cima nas últimas leituras do IPCA, "acho que (o Banco Central) ajusta seu plano de voo", que previa até pouco tempo atrás fim do ciclo de alta de juros em maio, com a Selic em 12,75% ao ano, disse Caio Megale, economista-chefe da XP, em coletiva de imprensa.
"Entre errar para mais --e a inflação acabar desacelerando mais rápido-- ou errar para menos --e ter mais inflação para frente--, acho que (o BC) vai preferir errar para mais" no aperto da política monetária, afirmou ele, prevendo fim do ciclo de alta de juros em junho.
Apesar das pressões de custo elevadas e do patamar já alto da Selic, o prognóstico da XP para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano foi ajustado para cima, a 0,8%, contra estagnação prevista anteriormente, com a economia brasileira mostrando sinais de "resiliência", disse Megale. No entanto, houve forte piora na conta para a expansão da atividade em 2023, que deve sentir os efeitos do juro mais alto.
A XP espera agora que o PIB cresça apenas 0,5% no ano que vem. Cenário anterior previa expansão de 1,2%.
"O aperto da política monetária deve impactar mais fortemente a demanda a partir de meados do ano (2022), especialmente os investimentos privados e o consumo de bens duráveis", disse em relatório Rodolfo Margato, economista da XP.
"Inflação alta, salários deprimidos, elevado endividamento das famílias, incertezas políticas, restrições persistentes nas cadeias de suprimentos --pesando sobre a produção industrial-- e menor crescimento econômico global compõem o conjunto de 'ventos contrários' para o PIB total nos próximos trimestres", o que justificou a piora na conta para 2023.
A XP também aumentou sua estimativa para o patamar da Selic ao fim de 2023, a 8,75%.
(Por Luana Maria Benedito)