Cabul, 19 ago (EFE).- O Afeganistão, um país montanhoso, sem
litoral e com a economia destruída por mais de três décadas de
violência, realizará nesta quinta-feira sua segunda eleição
presidencial desde a queda dos talibãs, em 2001.
Dos cerca de 28 milhões de habitantes do país, aproximadamente 17
milhões poderão comparecer às urnas para escolher o novo presidente
da nação e renovar as assembleias provinciais.
Localizado na Ásia Central, o Afeganistão foi frequentado por
mercadores que percorriam a Rota da Seda, por conquistadores como o
macedônio Alexandre e pelas tropas do Império britânico e da extinta
União Soviética.
Ao norte, faz fronteira com as antigas repúblicas soviéticas do
Turcomenistão, do Uzbequistão e do Tadjiquistão. Já a leste, faz
divisa com o Paquistão e a China, enquanto a oeste tem o Irã como
país vizinho.
Dividido em 34 províncias, o território afegão tem pouco mais de
652.000 quilômetros quadrados de extensão e uma sociedade tribal e
multiétnica dominada pelos pashtuns. Além disso, cerca de 80% de
seus habitantes são muçulmanos sunitas e menos de 20% são xiitas.
Por grupos, a população afegã encontra-se dividida entre pashtuns
(38%), tadjiques (25%), hazarás (29%), uzbeques (6%) e outros
pequenos grupos de origem turcomana.
O idioma mais falado no território é o pashtun. Mas todo o país
também utiliza o dari, língua comercial derivada do persa.
Uma das nações mais pobres do mundo, o Afeganistão tem como moeda
o afegane, uma renda per capita de US$ 220 e um Produto Interno
Bruto (PIB) de US$ 8,4 bilhões (2006).
A produção e o tráfico de drogas, mesmo após a ocupação
americana, continuam uma das principais atividades econômicas do
país, que exporta 90% dos opiáceos consumidos no mundo.
A expectativa de vida, tanto de homens como de mulheres, é de 44
anos, e, segundo dados referentes a 2006, só 28% da população afegã
com mais de 15 anos sabe ler e escrever.
Assolado por mais de três décadas de violência, o país foi
governado de 1933 a 1973 pelo rei Zahir Shah. Este foi derrubado
pelo primo Mohammed Dawoud, que governou como presidente até ser
assassinado em 1978.
Depois de Dawoud, ocuparam a Presidência: Nour Mohammed Taraki,
assassinado em setembro de 1979, e Hafizullah Amin, executado quando
as tropas da então União Soviética invadiram o país em dezembro do
mesmo ano.
Em seguida, Brabak Karmal, secretário-geral do Partido Popular
Democrático do Afeganistão, governou sob o controle de Moscou até
1986, ano em que foi substituído por Mohammad Najibullah.
Quando invadiram o Afeganistão, os soviéticos chegaram a ter
cerca de 120 mil soldados no país, mas os mujahedines, apoiados
pelos Estados Unidos, foram minando seu domínio.
Em fevereiro de 1989, os soldados soviéticos abandonaram o país e
Nayibullah foi capturado e executado pelos combatentes islâmicos em
1992.
A partir desse ano e até meados da década, os diferentes grupos
de radicais, encabeçados por poderosos "senhores da guerra",
passaram a lutar entre si.
Em1996, o regime talibã acabou com o domínio dos mujahedines e
impôs em 90% do território um sistema de leis muçulmanas que, além
de proibir a música e o teatro, excluiu as mulheres da educação e da
vida laboral.
O Talibã, nunca reconhecido pela ONU, deu refúgio a Osama bin
Laden, que organizou do Afeganistão a rede terrorista Al Qaeda,
responsabilizada pelos atentados de 11 de setembro de 2001.
Após esses graves atentados, os militares americanos atacaram o
Afeganistão em outubro de 2001 e derrubaram os talibãs, o que fez a
Aliança do Norte (contrária ao Talibã) ocupar Cabul em novembro.
Em dezembro do mesmo ano, na Conferência de Bonn para a
Reconstrução do Afeganistão, o pashtun Hamid Karzai foi escolhido
presidente interino.
Com a maior parte do país ainda sob o controle dos "senhores da
guerra", a Loya Jirga -Grande Assembléia das Tribos -, com 500
representantes, aprovou em janeiro de 2004 uma nova Constituição.
Após sucessivos adiamentos, em outubro de 2004 aconteceram as
primeiras eleições presidenciais democráticas do Afeganistão, nas
quais Karzai foi eleito com 55% dos votos e o apoio de Washington.
EFE