Londres, 15 jun (EFE).- A Anistia Internacional (AI) afirmou hoje
que falta transparência e independência à investigação interna
proposta por Israel para esclarecer o ataque contra uma frota
internacional de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, no qual morreram
nove pessoas.
A organização considera que a investigação, que será feita por
uma comissão formada por três autoridades israelenses e dois
observadores internacionais, não tem o formato adequado para
garantir a imparcialidade.
"O formato desta comissão representa uma decepção e uma
oportunidade perdida", diz em comunicado o diretor para o Oriente
Médio da AI, Malcolm Smart.
"A comissão não parece que vai ser independente nem
suficientemente transparente, já que os dois observadores podem ter
acesso negado a informações fundamentais", opinou Smart, ao lembrar
que "as descobertas da comissão não serão usadas em futuros
processos judiciais".
Segundo a AI, a comissão não investigará os israelenses
envolvidos no ataque de 31 de maio e só terá acesso ao chefe do
Estado-Maior das Forças de Defesa, e sequer está claro se suas
conclusões terão valor jurídico.
Além disso, os investigadores podem censurar dados caso
considerem que podem prejudicar a segurança nacional de Israel.
"Os procedimentos da comissão devem ser abertos, transparentes e
permitir o acesso a todas as fontes de informação", insiste Smart.
Além disso, para a AI, o Governo israelense não deveria
determinar quais das descobertas serão divulgadas.
A AI mostra especial preocupação com a decisão de não usar as
conclusões dos investigadores como provas em processos judiciais e
alerta que Israel, como qualquer Estado, é obrigado pela legislação
internacional a processar e punir os autores de delitos e a combater
a impunidade.
A organização também aponta que a designação desta comissão não
deve perder o foco do contínuo bloqueio à Faixa de Gaza, que Israel
"deve suspender imediatamente".
Em vez da investigação proposta pelo Estado judeu, que foi aceita
com reservas pela comunidade internacional, a organização pede uma
investigação internacional rápida, independente e crível, conduzida
por pessoas de provada credibilidade e imparcialidade com a qual
Israel deveria cooperar totalmente. EFE