Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa mostrava fraqueza nesta segunda-feira, com Raízen (BVMF:RAIZ4) capitaneando as perdas e Braskem respondendo pela maior alta, em pregão sem a referência das bolsas norte-americanas por feriado nos Estados Unidos, onde Donald Trump toma posse como presidente no começo da tarde.
Às 11h08, o Ibovespa cedia 0,04%, a 122.297,50 pontos, após marcar 121.511,13 na mínima mais cedo. O volume financeiro na bolsa somava 1,93 bilhão de reais.
O declínio ocorre após alta de quase 3% na última semana, que para estrategistas do Santander representa a "calmaria antes da tempestade".
"Com a nova administração dos EUA tomando posse..., antecipamos maior volatilidade e ruído em torno de tarifas e potenciais mudanças na política econômica", afirmaram.
Trump volta à Casa Branca nesta segunda-feira e, de acordo com trechos preparados para seu discurso de posse, assinará uma série de decretos no primeiro dia no cargo, buscando iniciar "a restauração completa da América e a revolução do senso comum". A posse está prevista para as 14h (de Brasília).
Em paralelo, agentes financeiros continuam ressabiados com o mercado acionário brasileiro também por fatores domésticos.
A equipe de estratégia macro global do UBS reiterou recomendação "neutra" para ações do Brasil entre os mercados emergentes, citando que, embora os valuations pareçam baratos, surpresas negativas no lado macro e incertezas em torno da disciplina fiscal podem continuar a pesar no mercado.
DESTAQUES
- RAÍZEN ON recuava 5,39%, após a companhia divulgar prévia operacional do terceiro trimestre do ano safra 2024/2025, com a moagem de cana somando 13,8 milhões de toneladas, bem abaixo dos 32,9 milhões do trimestre anterior e dos 18,8 milhões de um ano antes. A Raízen decidiu descontinuar a divulgação das projeções financeiras referentes ao ano-safra 2024/2025 "em razão da performance observada até o momento e das mudanças em curso na companhia". COSAN ON (BVMF:CSAN3), que compartilha o controle da Raízen com a Shell (NYSE:SHEL), caía 3,17%.
- CSN ON (BVMF:CSNA3) perdia 2,46%, em sessão negativa para o setor de mineração e siderurgia como um todo, com VALE ON (BVMF:VALE3) cedendo 0,95%, enquanto investidores aguardam a posse de Trump e clareza sobre a direção das políticas do novo governo. A CSN também anunciou nesta segunda-feira que interrompeu a produção do alto-forno 2 da usina de Volta Redonda (RJ) para manutenção programada.
- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) avançava 5,21%, ampliando a alta da última sexta-feira, quando anunciou antes da abertura do mercado que investirá 614 milhões de reais em projetos de ampliação de capacidade em instalações na Bahia, Rio Grande do Sul e Alagoas. Para analistas do Citi, apesar do montante relevante de investimentos a serem executados, o anúncio é neutro em termos de desembolso de caixa, uma vez que o investimento será compensado pelos créditos ligados o Regime Especial da Indústria Química (REIQ), que oferece incentivos fiscais.
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) subia 2,1%, em sessão de ajustes após forte recuo no último pregão (-5,7%) na esteira de relatório do JPMorgan (NYSE:JPM) cortando a recomendação das ações do grupo de educação para "neutra" e reduzindo o preço-alvo de 18 para 10,50 reais. No setor, COGNA ON (BVMF:COGN3) recuava 0,8%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) mostrava acréscimo de 1,02%, em dia positivo para os bancos do Ibovespa, com BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) em alta de 0,71%, BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) com elevação de 0,09% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) com aumento de 0,2%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) registrava elevação de 0,11%, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent sendo negociado em queda de 1,41%.