Nações Unidas, 22 set (EFE).- A América Latina não deve pagar com
sacríficios pelas mudanças climáticas, um problema que não
contribuiu para criar e é de responsabilidade das economias ricas,
disse hoje a secretária-geral da Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.
Bárcena lembrou que os países latino-americanos são responsáveis
por menos de 6% das emissões dos gases causadores do aquecimento
global, embora tenham um impacto maior no aumento do desmatamento no
planeta.
"A questão é quem vai pagar os maiores custos, e não devem ser os
países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos têm o compromisso
de ajudar os que estão em desenvolvimento com o objetivo de
torná-los economias com baixas emissões de carbono", declarou
Bárcena à Agência Efe.
A região terá um papel importante na cúpula realizada nesta
terça-feira na sede das Nações Unidas para impulsionar as
negociações de um novo acordo que substitua o Protocolo de Kioto,
que vence em 2012.
Segundo Bárcena, as economias emergentes como China e Índia
consideram injusto adotar reduções de emissões que ponham em perigo
seu crescimento econômico.
Por outro lado, Washington resiste em assumir um compromisso se
os países em desenvolvimento, que em breve superarão o Ocidente, na
quantidade de emissões absolutas não fizerem cortes específicos.
"Na América Latina existe o consenso de respeitar o conceito de
responsabilidades comuns, mas diferenciadas, que se refere a essa
dívida histórica dos países desenvolvidos, que cresceram sem nenhum
tipo de dificuldade, como as que agora se impõe aos países em
desenvolvimento", afirmou a responsável da Cepal.
Com a tecnologia adequada, a AL tem a capacidade de reduzir até
30% o atual consumo de energias ligadas ao dióxido de carbono, o que
geraria uma economia anual de bilhões de dólares. EFE