Washington, 1º jun (EFE).- A montadora americana Chrysler ficou
hoje mais próxima de sair da concordata depois de o juiz responsável
por seu processo finalmente autorizar a transferência de seus ativos
ao grupo que nascer da fusão com o grupo italiano Fiat.
"A transação com a Fiat é a única alternativa viável e a melhor
opção possível diante da liquidação da empresa", disse o juiz de
Nova York, Arthur González, no auto emitido na noite de ontem.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assegurou hoje
após a decisão do magistrado que a saída da Chrysler da situação de
concordata ocorrerá em questão de dias.
Além disso, Obama declarou que a fusão com a Fiat permitirá
salvar "dezenas de milhares de postos de trabalho" nos EUA e abrirá
"o caminho para uma empresa mais competitiva no futuro".
"Há um mês, o futuro desta grande empresa americana estava em
dúvida", acrescentou o presidente. "Agora, como resultado do
compromisso substancial do Governo dos EUA e com os sacrifícios de
todas as partes envolvidas, a Chrysler tem uma nova oportunidade",
disse.
A aprovação da fusão com a Fiat é o último e definitivo passo
para a montadora deixar a concordata, declarada em 30 de abril. A
companhia oriunda desse processo originará o chamado Grupo Chrysler.
Desta forma, a empresa cumprirá a exigência do Governo de Obama,
que estabeleceu o fim da concordata em um prazo máximo de 60 dias.
A Chrysler entrou nessa situação depois de um grupo de credores
ter rejeitado o cancelamento de US$ 6,9 bilhões em dívidas em troca
de receber US$ 2 bilhões em dinheiro.
De nada serviram as ajudas concedidas pelo Tesouro americano
entre o final de 2008 e o início deste ano, que chegaram a US$ 8
bilhões.
O presidente e executivo-chefe da Chrysler, Robert Nardelli, se
mostrou hoje satisfeito pela decisão do juiz, que permitirá lançar o
grupo "como uma nova companhia vibrante formada com Fiat".
A empresa disse que suas operações no México, Canadá e em outros
países serão adquiridas pelo Grupo Chrysler.
Hoje foi a vez da General Motors (GM) pedir concordata, diante do
mesmo juiz. A companhia tentará sair deste processo de maneira ainda
mais rápida, com a ajuda dos Governos americano e canadense.
O juiz de Nova York tomou a decisão após três dias de audiências
com Nardelli, que assumiu as funções de máximo executivo durante o
processo de concordata e agora será substituído por um executivo de
fora da Chrysler, Robert Kidder.
Nem todos os credores da empresa se mostraram de acordo com a
decisão do juiz. O fundo de pensões que reúne os direitos dos
policiais e professores do estado americano de Indiana, que possui
1% da montadora e que se opunha à fusão com Fiat, apresentou hoje um
recurso.
A decisão do juiz González permitirá à Chrysler vender seus
ativos, incluindo suas fábricas e concessionárias mais rentáveis, ao
grupo surgido da fusão com a Fiat.
O novo Grupo Chrysler será controlado majoritariamente por uma
sociedade fiduciária vinculada ao sindicato do setor automotivo
United Auto Workers (UAW), que contará com participação de 55%,
enquanto que a Fiat controlará inicialmente 20%, percentagem que
poderá crescer a 35% caso certos objetivos sejam alcançados.
O Departamento do Tesouro dos EUA e o UAW fecharam um acordo o
qual determina que o sindicato não participará da gestão da nova
Chrysler, tarefa que ficará totalmente nas mãos da Fiat, apesar de
possuir mais ações.
Entre os acionistas minoritários estão os Governos americano, com
8% do total dos títulos, e canadense, com 2%.
A decisão do juiz também permitirá que a Chrysler se livre de
alguns ativos que estavam arrastando suas contas, como oito fábricas
não rentáveis e acordos com 789 concessionárias, que agora podem ser
cancelados, com a consequente perda de milhares de postos de
trabalho. EFE