Por Mehmet Emin Caliskan
SURUC, Turquia (Reuters) - O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, rejeitou as acusações de que no passado a Turquia apoiou tacitamente os militantes do Estado Islâmico que operam na Síria e sem querer abriu caminho para o atentado suicida que matou pelo menos 32 pessoas na segunda-feira em uma cidade turca na fronteira.
A explosão vitimou estudantes em idade universitária de um grupo ativista que se reunia na cidade de Suruc antes de uma viagem concebida para ajudar a reconstruir Kobani, cidade síria curda nas proximidades.
Kobani sofreu repetidos ataques do Estado Islâmico e se tornou um bastião da minoria curda da Turquia, que tem se revoltado com o que vê como uma recusa do presidente turco, Tayyip Erdogan, e do partido governista AKP em intervir em um conflito que transcorre diante dos olhos de posições militares turcas.
Milhares de combatentes estrangeiros foram à Turquia para se unirem ao Estado Islâmico em anos recentes, alimentando as acusações dos opositores do governo de que o país faz vista grossa à presença dos militantes.
"Os governos da Turquia e do AKP jamais tiveram quaisquer laços diretos ou indiretos com qualquer grupo terrorista, e jamais mostraram tolerância com qualquer grupo terrorista", disse Davutoglu a repórteres na província de Sanliurfa, onde Suruc está localizada.
A revolta entre curdos e seus simpatizantes transbordou desde o atentado em Suruc. O grupo militante curdo PKK, que luta contra o Estado turco há três décadas, afirmou que o AKP tem responsabilidade no bombardeio, acusando-o de apoiar o Estado Islâmico contra os curdos sírios.
Em Istambul, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra manifestantes que entoavam "Matem o Estado Islâmico, o colaborador Erdogan e o AKP".
(Reportagem adicional de Ayla Jean Yackley, em Istambul)