Berlim, 25 set (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, defendeu nesta terça-feira durante a Jornada da Indústria Alemã, o plano de compra de bônus de dívida soberana de países em crise, garantindo, entretanto, que a intenção não é financiar governos.
"Buscamos que o crédito bancário flua, buscamos uma transmissão suave da política monetária", explicou Draghi. Em seu discurso, o presidente do BCE garantiu que o plano é uma resposta e que seu objetivo final é a economia real e não, como receiam certos setores alemães, de financiar governos em crise.
Draghi procurou explicar que os "benefícios deste plano não auxiliam apenas os governos da eurozona", mas sim todo o bloco, se referindo as empresas e cidadãos em geral.
No discurso, o presidente do Banco Central Europeu, que se reuniu nesta terça-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu que o compromisso de assegurar a estabilidade dos preços continua para o BCE.
O dirigente acrescentou que a proposta de adquirir dívida no mercado secundário buscava "eliminar medos infundados" sobre a eurozona, que estavam distorcendo as taxas de juros da União Econômica e Monetária. "Tínhamos duas opções: não fazer nada e aceitar a situação de que a política monetária ficaria afetada ou tomar medidas. Decidimos pela segunda", afirmou.
Draghi, no entanto, reconheceu que o plano tem riscos, como apontou publicamente o Banco Central da Alemanha, que ele afirma que "em grande medida, compartilha". Sem ter sido posto em prática, contudo, o dirigente garante estar otimista.
"É cedo demais para ver as consequências desta medida. Mas o fato é que rapidamente foram vistos efeitos positivos", destacou Draghi, sobre as quedas dos bônus de risco das dívidas soberanas de Espanha e Itália.
Segundo o presidente do BCE é necessário que os investidores mostrem mais confiança quanto aos avanços que estão sendo feitos na eurozona para voltar ao caminho do crescimento.
Draghi pediu que cada governo da zona da euro mantenha suas políticas de ajuste, já que seu plano não é um substitutivo, sendo implementado enquanto as reformas estruturais de todos os países estão ocorrendo.
Draghi afirmou que existem sinais de melhora nos mercados financeiros e que espera ver em 2013 a retomada do crescimento europeu. O dirigente elogiou a aprovação do pacto fiscal e os avanços em direção a união bancária, que junto com a fiscal, a econômica e a política devem ser os pilares de uma maior integração na União Europeia. EFE