Por Elena Gyldenkerne
BARCELONA, Espanha (Reuters) - O presidente da região da Catalunha, na Espanha, assinou um decreto neste sábado no qual convocou um referendo sobre a independência para 9 de novembro, levando o governo local a entrar em rota de colisão com Madri, para quem uma votação do tipo seria ilegal.
A rica região no nordeste da Espanha, onde está concentrada cerca de um quinto da economia espanhola, possui sua própria língua e cultura distintas e tem há muito buscado obter uma maior autonomia.
Pesquisas mostram que uma grande maioria dos catalães é a favor do referendo sobre a independência, e a ideia ganhou força após uma votação do tipo sobre a saída da Escócia da Grã-Bretanha este mês ter terminado com um resultado apertado a favor da permanência.
O presidente da região, Artur Mas, assinou o decreto em uma cerimônia solene no Generalitat Palace, edifício em estilo gótico de Barcelona que serve de sede para o governo regional da Catalunha, cercado por políticos aliados na campanha pela independência.
"A Catalunha quer se pronunciar. Quer ser ouvida. Quer votar. Agora é a hora certa e temos o arcabouço legal para fazê-lo", disse Mas em um discurso proferido em catalão, espanhol e inglês, logo após a cerimônia de assinatura.
Em um trecho de seu discurso em inglês, Mas disse que pretende transmitir uma mensagem aos líderes e povos europeus.
"Como todas as nações do mundo, a Catalunha tem o direito de decidir seu futuro político... Acreditamos que as questões políticas devem ser resolvidas por meio de negociação e atitudes civilizadas. E sabemos que a democracia é a maneira mais civilizada para resolver as dificuldades entre países."
Centenas de pessoas balançando bandeiras catalãs e cantando slogans pró-independência receberam um Mas sorridente na praça em frente ao palácio após o discurso.
"Nunca votei nele, mas ele está se comportando com perfeição no processo em que estamos atravessando. Isso é ótimo", disse uma apoiadora do movimento separatista, Isabel Roca Puig, falando em catalão.
(Reportagem adicional de Paul Day)