La Paz, 8 mar (EFE).- Mais de mil camponeses da Bolívia ocuparam nos últimos dias 40 instalações petrolíferas e de gás no país, o que reduziu a produção de gás natural e as exportações à Argentina, enquanto as vendas para o Brasil podem ser afetadas em breve, informaram nesta quinta-feira fontes oficiais e de empresas privadas.
O presidente da companhia estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas, disse em entrevista coletiva em La Paz que os manifestantes ocuparam 32 poços petrolíferos, 6 campos de gás e 2 usinas de processamento de carburantes no departamento de Santa Cruz.
As ocupações começaram com uma mobilização de produtores de arroz que exigem ao presidente boliviano, Evo Morales, ajuda para vender sua produção a um bom preço, já que, segundo suas críticas, foram afetados pelas políticas oficiais de restrição das exportações do alimento.
Segundo Villegas, as empresas afetadas são duas subsidiárias de YPFB, Chaco e Andina.
A produção de gás natural caiu 3,5 milhões de metros cúbicos diários e a de petróleo diminuiu em mais de 3,5 mil barris, o que provocou uma perda total de US$ 1,5 milhão, acrescentou o presidente da YPFB.
Fontes do setor privado disseram à Agência Efe que o envio de gás à Argentina caiu de 8,5 milhões para 7,1 milhões de metros cúbicos diários.
Villegas disse que o protesto dos produtores de arroz atenta contra os interesses do Estado boliviano e anunciou que as empresas Chaco e Andina apresentaram demandas contra os manifestantes.
O governo Morales ainda não mobilizou militares ou policiais para fazer a segurança das instalações ocupadas, embora os manifestantes tenham bloqueado as operações em poços e manipulado válvulas, o que, segundo fontes da YPFB, representa um perigo para suas próprias vidas.
Os rizicultores de Santa Cruz acusam o governo de prejudicá-los ao impor limites para exportar, medidas que causaram uma acumulação do produto no país e uma queda dos preços.
Morales defendeu suas políticas de produção de alimentos ao dizer nesta quinta-feira que os cultivadores de arroz receberam créditos sem juros e o governo compra deles a um maior preço que o de mercado, embora não tanto quanto pedem.
Segundo Morales, a reivindicação dos rizicultores é pouco racional e de uma "exagerada ambição". EFE