Caracas, 23 ago (EFE).- O presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
alertou hoje as autoridades regionais venezuelanas para vigiarem os
investimentos colombianas que cheguem aos seus territórios com o
receio de que mascarem capitais provenientes do tráfico de drogas.
"Uma 'narcoeconomia' foi imposta à Colômbia e há capital
colombiano que é lavado aqui", advertiu Chávez aos governadores
durante seu programa dominical de rádio e televisão "Alô
Presidente!".
"Mandei investigar todas as empresas colombianas na Venezuela
para ver de onde vêm esses capitais, para ver se mascaram capitais
de procedência duvidosa. Não é que todos sejam ruins, mas boa parte
desses capitais está contaminada", argumentou Chávez.
O presidente explicou que a Venezuela é uma "vítima" do negócio
do narcotráfico, que tem Estados Unidos e Colômbia como eixos.
"Nós somos vítimas desses dois sistemas, dos EUA, onde está o
maior consumo do mundo, e da Colômbia, onde está a maior produção do
mundo, mas nos atacam e dizem que a culpa é nossa", explicou o
governante.
Segundo Chávez, o Plano Colômbia - que para ele deveria levar o
nome de "Plano Ianque ou algo do gênero" - foi um "fracasso" no
combate ao tráfico de drogas porque, entre outras coisas, seu
objetivo final não era esse e porque os EUA não têm interesse em
acabar com o narcotráfico.
"O Plano Colômbia aumentou o narcotráfico e levou mais violência
à Colômbia e à Venezuela, mas não é um fracasso para o império,
porque vejam no que se transformou", disse Chávez em referência ao
acordo para o uso de bases colombianas por militares americanos.
Para o presidente da Venezuela, há várias razões pelas quais não
convém aos EUA acabar com o comércio da droga, e citou "o dinheiro
que movimenta" como a principal delas.
"Eles são um 'narcoestado' e a Colômbia também o é", disse
Chávez, ao acrescentar que o tráfico de drogas é um "fenômeno
diabólico, produto do imperialismo e do capitalismo".
A Venezuela congelou as relações comerciais e diplomáticas com a
Colômbia após as acusações de Bogotá sobre um suposto desvio de
armas venezuelanas para as Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (Farc). EFE