Bruxelas, 23 set (EFE).- A Comissão Europeia (órgão executivo da
União Europeia) propôs hoje formalmente o início no bloco europeu de
um novo sistema de supervisão financeira para garantir a aplicação
das mesmas regras e princípios em todos os países e melhorar a
resposta em caso de problemas no setor financeiro.
O Executivo da UE apresentou um esperado pacote legislativo - que
agora deverá ser discutido pelos Estados-membros e pelo Parlamento
Europeu - com o qual pretende tapar as brechas detectadas durante a
atual crise e adaptar os mecanismos de supervisão a um setor
financeiro que já ultrapassa as fronteiras nacionais.
Como principais novidades, a Comissão coloca a criação de um
órgão europeu de riscos sistêmicos, encarregado de vigiar a
estabilidade do sistema financeiro em seu conjunto e emitir alertas
e recomendações se detectar riscos, e um sistema de supervisores
financeiros, formado por três novas autoridades para os setores de
bancos, bolsa e seguros.
"Nosso objetivo é proteger os contribuintes europeus do ocorrido
no ano passado, quando os Governos tiveram que injetar nos bancos
bilhões de euros", disse o presidente da Comissão Europeia, José
Manuel Durão Barroso, que disse confiar em que o novo modelo europeu
de supervisão servirá de inspiração em nível global.
A ideia é que as mudanças colocadas por Bruxelas entrem em vigor
já em 2010, o que requereria uma fluente tramitação tanto no
Conselho da UE quanto no Parlamento Europeu.
Os Estados-membros já deram sinal verde à nova estrutura de
supervisão em junho, mas agora começarão a serem discutidos os
detalhes sobre sua implementação, e especialmente sobre as
competências atribuídas aos novos organismos.
Segundo a proposta do Executivo comunitário, o Conselho Europeu
de Risco Sistêmico (CERS) será responsável por alertar os
Estados-membros em questão e as autoridades europeias de possíveis
riscos, e lhes fará recomendações de atuação.
O receptor da advertência terá que comunicar as medidas adotadas
e, caso decida não segui-la, deverá explicar o motivo.
Considerando que a difusão pública dos alertas e recomendações do
CERS pode ter consequências adversas nos mercados, será decidido
caso a caso se convém ou não mantê-los confidenciais.
O novo organismo se baseará na estrutura do Banco Central Europeu
(BCE), que controlará o Secretariado, no qual também estarão
representados todos os bancos centrais dos 27 Estados-membros.
O presidente do CERS será eleito para períodos de cinco anos,
renováveis, pela cúpula do órgão, na qual se sentarão os presidentes
dos bancos centrais, o presidente e vice-presidente do BCE, um
representante da Comissão Europeia e os presidentes das três novas
autoridades de supervisão.
Os supervisores nacionais e o presidente do Comitê Econômico e
Financeiro da UE também participarão, mas sem direito a voto.
Sobre o Sistema Europeu de Supervisores Financeiros (SESF),
consistirá em uma rede formada pelos organismos nacionais de
supervisão e três novas autoridades comunitárias especializadas em
bancos, bolsa e seguros.
Para criar as três autoridades, se partirá dos atuais comitês
europeus de supervisores bancários, das bolsas de valores e de
seguros, aos quais serão dadas novas competências.
Precisamente, serão responsáveis por propor padrões técnicos de
supervisão e garantir uma aplicação homogênea das regras em toda a
UE, promover a cooperação entre os supervisores nacionais e mediar
entre eles em caso de desacordo, assim como supervisionar as
agências de qualificação de riscos. EFE