Dólar fica estável antes de retomada do julgamento de Bolsonaro

Publicado 08.09.2025, 17:06
Atualizado 08.09.2025, 17:21
© Reuters.

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após oscilar em margens bastante estreitas durante a sessão, o dólar fechou a segunda-feira praticamente estável ante o real, com investidores à espera de eventos do restante da semana, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e a divulgação do IPCA de agosto.

Apesar do recuo do dólar no exterior, a moeda norte-americana pouco variou no Brasil. O dólar à vista fechou em alta de 0,07%, aos R$5,4179, após três sessões consecutivas de perdas. No ano a divisa acumula baixa de 12,32%.

Às 17h03, na B3 o dólar para outubro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,05%, aos R$5,4475.

Em uma sessão de agenda relativamente esvaziada, o dólar ensaiou nova queda no Brasil no início do dia. Às 9h04 -- logo após a abertura -- a divisa à vista marcou a menor cotação intradia do pregão de R$5,4008 (-0,24%), acompanhando o sinal negativo visto também no exterior. Por trás do movimento estava a percepção, trazida por dados do mercado de trabalho norte-americano divulgados na sexta, de que o Federal Reserve caminha para cortar juros na próxima semana.

Mas a moeda norte-americana não se sustentou em baixa ante o real, se reaproximando da estabilidade. No fim da manhã o dólar tentou se firmar em alta, atingindo a máxima de R$5,4496 (+0,66%) às 11h24.

“Temos um movimento de proteção em função do julgamento do Bolsonaro que, a depender do resultado, pode gerar novas sanções dos Estados Unidos ao Brasil”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar o fato de o dólar estar em alta ante o real, apesar da queda no exterior.

“Mas o movimento é de pequeno no ‘range’ (faixa), bem tranquilo, com o mercado esperando o que vai acontecer”, acrescentou.

O julgamento de Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado será retomado na terça-feira. Mais do que a condenação em si, o mercado teme que o julgamento provoque novas medidas dos Estados Unidos contra o Brasil, após o presidente norte-americano Donald Trump ter estabelecido tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Na ocasião, Trump citou o julgamento de Bolsonaro como um dos motivos para a tarifação.

Ao mesmo tempo, investidores aguardam a divulgação na quarta-feira do IPCA -- o índice oficial de inflação -- referente a agosto. O índice pode impactar as apostas para o ciclo do Banco Central para a taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano.

Agentes do mercado têm lembrado nas últimas semanas que a perspectiva de corte de juros pelo Fed, somada à expectativa de manutenção da Selic em 15% pelo menos até 2026, é um fator favorável à atração de dólares ao Brasil. Este cenário tem contribuído para uma cotação mais próxima de R$5,40 do que de R$5,60.

No relatório Focus divulgado pela manhã, a mediana projetada para o dólar no encerramento deste ano foi de R$5,56 para R$5,55. Para o fim do próximo ano, passou de R$5,62 para R$5,60.

Em relatório desta segunda-feira, as estrategistas Ioana Zamfir e Sofia Palacios, do Morgan Stanley, afirmaram que "uma quebra do BRL abaixo de 5,40 é possível, assumindo uma fraqueza sustentada do USD e considerando o carry muito atrativo da moeda, mas o ímpeto deve desacelerar significativamente".

"O ruído nas manchetes tende a aumentar até o final do ano, devido aos processos legais contra o ex-presidente Bolsonaro e os debates sobre o orçamento do ano eleitoral", acrescentaram. "Preferimos permanecer neutros e manter nossa exposição no mercado de juros."

Pela manhã o BC vendeu toda a oferta de 40.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem.

Às 17h09, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,43%, a 97,451.

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