Lula diz que espera encontrar com Trump e que enviou carta convidando para COP30
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou em forte baixa ante o real nesta terça-feira, na esteira das perdas da moeda norte-americana no exterior, depois que dados de inflação moderados nos Estados Unidos solidificaram as apostas de que o Federal Reserve cortará a taxa de juros a partir de setembro.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,06%, a R$5,3864, alcançando a menor cotação desde 14 de junho de 2024, quando havia atingido R$5,3812.
Às 17h21, na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,98%, a R$5,414 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tiveram como pano de fundo as quedas da divisa dos EUA ante a maioria de seus pares no exterior, em particular moedas emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno.
Os mercados globais reagiram com apetite por risco a dados de inflação nos EUA que mostraram que os preços ao consumidor tiveram uma alta de 0,2% em julho, exatamente em linha com a projeção de economistas em pesquisa da Reuters e abaixo do ganho de 0,3% de junho. Em 12 meses, o índice se manteve em 2,7%.
Diante do relatório moderado, que se somaram a dados recentes fracos de emprego para julho, os agentes financeiros concluíram que o banco central dos EUA poderá cortar a taxa de juros já em seu próximo encontro, em setembro, atendendo a um pedido frequente do presidente Donald Trump.
Operadores precificam mais de 90% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros no próximo mês, segundo dados da LSEG, com outra redução da mesma magnitude totalmente precificada até dezembro. O aumento do diferencial de juros entre EUA e Brasil, que tem a Selic em 15%, favorece o real.
"O movimento de hoje ficou bem claro depois dos dados de inflação. A tendência é de que com os EUA fazendo cortes, a disparidade de juros se mantenha, o que acaba atraindo capital para o Brasil, mesmo que seja mais especulativo", disse Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,44%, a 98,061.
A moeda brasileira também recebeu um impulso doméstico neste pregão com os fortes ganhos da bolsa brasileira, que gerou uma maior entrada de capital estrangeiro, à medida que os investidores analisaram uma série de balanços corporativos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,66%, a 137.878,56 pontos, maior patamar em cerca de um mês, conforme dados preliminares.
Na mínima do dia, o dólar atingiu R$5,3857 (-1,07%), perto do fechamento. A máxima foi de R$5,4427 (-0,02%), logo após a abertura.
O mercado doméstico praticamente deixou de lado nesta terça o impasse comercial entre Brasil e EUA, conforme o governo brasileiro enfrenta dificuldades para negociar com Washington a tarifa de 50% imposta por Trump na semana passada. Uma ligação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, antes prevista para quarta-feira, foi desmarcada por Washington.
A expectativa é de que o Executivo anuncie nesta semana um plano de contingência para empresas mais afetadas pela taxação norte-americana.