Dólar avança no exterior em meio a tensão sobre independência do Fed

EdiçãoJulio Alves
Publicado 27.08.2025, 07:49

Investing.com – O dólar americano registrava leve alta na manhã desta quarta-feira, refletindo preocupações crescentes com a independência do Federal Reserve após a tentativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de destituir a diretora Lisa Cook.

Às 7h30 de Brasília, o Índice do Dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis pares principais, subia 0,4%, a 98,487, revertendo parte das perdas observadas no início da semana.

Fed sob pressão política

As tensões aumentaram após Trump declarar, na segunda-feira, que demitiria Lisa Cook por supostas irregularidades na obtenção de empréstimos hipotecários. A declaração reacendeu o debate sobre a autonomia do banco central americano e o risco de interferência política sobre as decisões de política monetária.

Cook rebateu por meio de seu advogado, afirmando que o presidente não possui autoridade para exonerá-la e que ela não pretende renunciar, o que abre caminho para uma possível disputa judicial prolongada.

“O afastamento de Lisa Cook e a percepção generalizada de que o episódio reflete uma maior politização do Fed têm efeito negativo sobre o dólar”, escreveram analistas do ING em relatório.

“A reação nos mercados cambiais, contudo, permanece moderada e pode ganhar tração apenas no longo prazo, por duas razões principais: primeiro, a diretora contesta a decisão, o que deve levar o caso ao Judiciário; segundo, sua eventual saída tende a ter impacto limitado nas próximas reuniões. Com Jerome Powell ainda na presidência do banco central, a expectativa dos investidores é de que a condução da política monetária siga ancorada em dados, e a ala mais dovish permanece pequena demais para alterar o ritmo atual de cortes.”

Euro recua com instabilidade política na França

Na zona do euro, o par EUR/USD recuava 0,5%, cotado a 1,1586, pressionado pelo ambiente político incerto na França e por indicadores fracos sobre o humor do consumidor na Alemanha.

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, pode não resistir a um voto de confiança agendado para 8 de setembro, relacionado à sua proposta orçamentária.

Caso o governo seja derrotado, o presidente Emmanuel Macron poderá indicar um novo primeiro-ministro, manter Bayrou interinamente ou ainda convocar eleições antecipadas.

“Os mercados seguem avaliando as implicações do voto de confiança e não demonstram pressa em precificar eleições como cenário-base”, avaliou o ING.

“Uma alternativa viável, embora estreita, seria a permanência deste ou de um novo governo com ajustes no plano de cortes de gastos que assegurem maioria no Parlamento e permitam algum avanço na consolidação fiscal, mesmo diante do escrutínio intensificado.”

Na Alemanha, o índice GfK de sentimento do consumidor projetado para setembro recuou pelo terceiro mês consecutivo, atingindo -23,6 pontos, frente aos -21,7 pontos revisados do mês anterior.

O par GBP/USD recuava 0,3%, negociado a 1,3445, ainda sustentado pela postura mais firme do Banco da Inglaterra em relação à taxa de juros.

“Acreditamos que uma quebra estrutural acima de 1,35 é uma questão de tempo, não de possibilidade”, comentou o ING.

Em outras regiões, o USD/JPY subia 0,4%, a 147,92, enquanto o USD/CNY avançava 0,1%, para 7,1610.

O par AUD/USD recuava 0,3%, cotado a 0,6471, mesmo após o índice de preços ao consumidor da Austrália ter apresentado alta de 2,8% em julho na comparação anual, acima das projeções de 2,3% e dos 1,9% registrados em junho.

Esse avanço inesperado foi atribuído, sobretudo, ao reajuste nas tarifas de energia elétrica, após o vencimento de subsídios concedidos anteriormente pelo governo federal.

A divulgação veio após a ata da reunião de agosto do RBA indicar que novos cortes na taxa básica poderiam ocorrer caso a inflação continuasse em trajetória de desaceleração.

Apesar de o banco central ter reduzido os juros em 25 pontos-base no mês anterior, os dados mais recentes sugerem que o processo desinflacionário pode estar perdendo força, o que dificulta o cenário para futuros ajustes na política monetária.

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