Governo propõe elevar taxação em regime de lucro presumido em projeto que corta isenções tributárias
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia mais de 1% ante o real nesta terça-feira, na esteira de forte aversão ao risco no exterior, enquanto investidores domésticos avaliavam os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o segundo trimestre e monitoravam o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Às 10h02, o dólar à vista subia 1,11%, a R$5,4995 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,94%, a R$5,529 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo fortes ganhos do dólar nos mercados globais, influenciados pela aversão a ativos de risco na reabertura do mercado dos Estados Unidos, que esteve fechado na véspera por conta de um feriado, o que elevava a volatilidade.
Investidores demonstravam cautela diante da expectativa por uma série de dados econômicos importantes nesta semana, que podem moldar os próximos passos do Federal Reserve, e da incerteza em relação à política comercial norte-americana, que novamente enfrenta obstáculos legais.
Na sexta-feira passada, após o fechamento do pregão nos EUA, um tribunal de recursos decidiu que a maioria das tarifas do presidente Donald Trump é ilegal, prejudicando o uso das taxas pelo governo norte-americano como uma importante ferramenta de política econômica internacional.
As atenções estarão voltadas na próxima sexta-feira à divulgação do relatório de emprego de agosto nos EUA, que pode impactar a percepção de enfraquecimento do mercado de trabalho e as apostas de um corte de juros pelo Fed neste mês.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,93%, a 98,554.
A divisa dos EUA também avançava com força contra pares emergentes do real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
Na cena doméstica, o IBGE informou que o PIB brasileiro cresceu 0,4% no trimestre de abril a junho, desacelerando em relação à expansão de 1,3%, em dado revisado para baixo, registrada no trimestre anterior.
O resultado confirmou a expectativa de desaceleração da economia brasileira diante de uma política monetária restritiva no país, com o Banco Central sinalizando que manterá a taxa de juros no patamar atual de 15% ao ano por período bastante prolongado.
O mercado também acompanhava o início do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, o que elevava os temores de risco político do país e de agravamento nas relações diplomáticas entre Brasil e EUA.
Quando Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a um suposto "caça às bruxas" que o ex-presidente brasileiro seria vítima.
"O receio é de que uma eventual condenação sirva de justificativa para novas retaliações de Trump contra o Brasil, incluindo possíveis sanções adicionais ao Banco do Brasil e restrições comerciais, em meio ao já vigente tarifaço de 50%", disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
"Esse ambiente de incerteza reforça a busca por proteção, com o dólar retomando fôlego contra o real."