Dólar fecha em alta e acima de R$ 3,90 seguindo exterior em sessão de baixa liquidez

Publicado 26.12.2018, 17:13
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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta quarta-feira, em linha com o desempenho da moeda no exterior diante do cenário político conturbado nos Estados Unidos, e em dia de atuação do Banco Central ofuscada pelo baixo volume de negociação no mercado doméstico.

O dólar avançou 0,64 por cento, a 3,9215 reais na venda. Na mínima da sessão, foi cotado a 3,8922 reais e na máxima, a 3,9421 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,4 por cento.

No exterior, a recuperação das bolsas norte-americanas após fortes quedas na véspera do Natal ajudava o dólar a ganhar força contra a cesta das principais divisas globais. O movimento pressionou a cotação do dólar no mercado local, diante da baixa liquidez no período de fim de ano, segundo Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.

"Faz um tempo que o dólar só olha para o exterior e o movimento se dá em cenário de baixa liquidez", sintetizou Fernanda.

"Embora o Banco Central tenha feito leilão de linha, o mercado está seco, qualquer notícia que afeta emergentes afeta o dólar aqui."

A economista chamou atenção para os desdobramentos da paralisação parcial do governo de Donald Trump, que desde sábado não possui financiamento para um quarto de seus programas, devido a um impasse entre a Casa Branca e democratas sobre recursos para construção de um muro na fronteira com o México, do qual o presidente dos EUA não abre mão.

A insistência de Trump deve manter o governo parcialmente paralisado até janeiro, ou até que o Congresso aprove dinheiro para a obra na fronteira, indicou o presidente norte-americano nesta quarta-feira.

"Os mercados reagem às incertezas políticas nos EUA", escreveram analistas da XP no início da sessão.

Investidores também acompanham desdobramentos da evolução das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, além da queda recente nas bolsas globais como indicador da desaceleração do crescimento mundial.

Enquanto negocia os termos de um acordo com a China para encerrar uma disputa comercial, Trump chegou a discutir reservadamente a demissão do chairman do Fed, Jerome Powell, e voltou a atacá-lo na véspera do Natal, dizendo que o banco central era o "único problema" da economia dos EUA.

Nesta sessão, um auxiliar econômico da Casa Branca tentou afastar as preocupações afirmando que não há risco de Powell deixar o posto de chairman do banco central dos EUA.

"Desde sua eleição em 2016, com maior ênfase a partir do fim de 2017, Trump tem sido um elemento de disrupção constante para o mercado financeiro americano e global", escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

"Um dos grandes baluartes da economia americana é a independência formal do banco central e o pedido constante de demissão de Powell por parte de Trump e suas reclamações com o Fed tem ecoado negativamente no mercado, levando à pior véspera de Natal das bolsas americanas", completou.

Desde semana passada, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, fez uma série de contatos para monitorar o mercado após o S&P 500 sinalizar que pode ter o pior mês desde a Grande Depressão, há quase um século.

Após consultar a liquidez dos seis maiores bancos do país, Mnuchin ouviu dos reguladores financeiros que não há nada fora do normal nos mercados, movimento que deixou investidores receosos.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de 2 bilhões de dólares com compromisso de recompra, no sexto leilão da autoridade monetária em dezembro para aumentar a liquidez em momento de tradicional saída de recursos do país. Incluindo o leilão desta sessão, a autarquia ofereceu 7 bilhões de dólares em leilões do tipo em dezembro.

(Por Iuri Dantas)

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