SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou no maior patamar desde maio e a pouco mais de 2 centavos de 5,80 reais, com o mercado estressando no meio da tarde e deflagrando forte movimento de compra de moeda depois de o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular todas as condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da operação Lava Jato.
Assim, Lula ficaria elegível para a eleição presidencial de 2022. A decisão de Fachin deverá ser posteriormente avaliada pelo plenário do STF.
No fim de semana, a imprensa publicou levantamento do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) segundo o qual Lula teria mais potencial de voto do que Bolsonaro.
"Com Lula elegível, cresce ainda mais a chance deste governo ir totalmente para o populismo", comentou Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital.
O receio de investidores de que o governo enverede por um caminho mais populista aumentou nas últimas semanas, depois de uma série de episódios em que, para o mercado, o presidente Jair Bolsonaro agiu deixando de lado princípios de uma política econômica liberal.
Destaque para a decisão do presidente de trocar o comando da Petrobras (SA:PETR4) e os alertas feitos por ele de atuação em outras estatais e setores da economia, como energia.
No fechamento, o dólar à vista saltou 1,66%, a 5,7787 reais na venda --maior nível desde 15 de maio do ano passado (5,8392 reais).
A cotação oscilou em alta durante todo o dia, indo de 5,7062 reais (+0,39%) a 5,7865 reais (+1,80%).
O real teve o segundo pior desempenho global na sessão, com as perdas lideradas pela lira turca (-2,5%).
(Por José de Castro)