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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta sexta-feira, a caminho de fechar a semana em baixa, conforme persistem incertezas sobre a resposta do Brasil à ameaça dos Estados Unidos de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com uma série de dados também no radar.
Às 9h54, o dólar à vista subia 0,1%, a R$5,5266 na venda. Na semana, a moeda acumula queda de 1,1%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,18%, a R$5,540 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a força da divisa norte-americana ante seus pares no exterior, com o dólar avançando sobre moedas fortes, como o iene e o euro, e emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,37%, a 97,809.
Mas apesar da pressão externa, o principal foco dos investidores nacionais continua sendo as tensões comerciais entre Brasil e EUA, à medida que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca alternativas para evitar a taxa de 50% de Washington a partir de 1º de agosto.
Na mais recente atualização sobre o tema, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse na quinta-feira que conversou no sábado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, a quem reiterou pedido de negociação sobre tarifas.
Mais cedo, em fala durante evento, Lula havia dito que o Brasil está pronto para negociar com os EUA caso o presidente norte-americano, Donald Trump, queira conversar.
O receio do mercado, entretanto, é que haja pouco espaço para discussões e contrapartidas do lado brasileiro, uma vez que Trump tem vinculado sua ameaça principalmente ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) -- uma questão política, e não comercial.
Enquanto persistem incertezas sobre a disputa, os agentes têm preferido negociar com cautela, sem fazer grandes apostas para qualquer direção.
"Essa incerteza dos investidores em relação às políticas comerciais estimula o compasso de espera, faz com que investidores evitem assumir novas posições e de certa forma é levemente prejudicial ao real", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Para além da tarifa dos EUA, o mercado brasileiro também voltava suas atenções para dados econômicos neste pregão.
No destaque do dia, o IBGE informou que o IPCA-15 acelerou a alta em julho apesar de nova queda nos alimentos, com a inflação em 12 meses se acomodando no nível de 5,3% a poucos dias da próxima reunião de política monetária do Banco Central.
Antes disso, a Fundação Getulio Vargas (FGV) relatou que a confiança dos consumidores brasileiros voltou a subir em julho, após queda no mês anterior, sendo impulsionada por melhoras tanto no indicador sobre a situação atual quanto na medida de expectativas para os próximos meses.
No cenário externo, o foco também está em torno do comércio, com expectativas de que os EUA possam anunciar um acordo comercial com a União Europeia, depois de alcançar um pacto tarifário com o Japão nesta semana.
Também no radar está a tensão entre o Federal Reserve e Trump sobre a taxa de juros dos Estados Unidos. Os membros do banco central dos EUA se reúnem na próxima semana e devem manter os juros inalterados novamente, apesar da pressão do presidente por cortes imediatos.