Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista recuava ante o real nesta terça-feira, devolvendo alguns dos ganhos recentes, conforme os investidores reagiam a dados de inflação em linha com o esperado nos Estados Unidos, com as tensões comerciais e o impasse sobre o IOF também no radar.
Às 9h58, o dólar à vista caía 0,68%, a R$5,5483 na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,33%, a R$5,594 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma aparente recuperação de divisas emergentes no exterior, com o dólar recuando de forma acentuada ante pares como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.
A tendência vem na esteira de sessões ruins para moedas emergentes ao longo da última semana, uma vez que os investidores têm mostrado aversão a ativos mais arriscados diante das novas ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump.
O real, em particular, tem sofrido ante a divisa norte-americana depois que Trump anunciou na semana passada uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, vinculando à decisão ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre o anúncio de Trump e o fechamento do pregão anterior, o dólar subiu 2,5% frente ao real.
Os agentes ainda aguardam um maior aprofundamento da resposta do governo brasileiro à ameaça de Trump, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicando até o momento que o país pretende negociar com os EUA, mas não hesitará em usar a reciprocidade se as conversas falharem.
Mais cedo, o governo publicou no Diário Oficial decreto do presidente Lula que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica, fornecendo mecanismos para o país responder às tarifas dos EUA.
"Continuamos com a novela da tensão comercial. Não sabemos ainda quais vão ser as tarifas para todos os países e a gente acompanha os próximos passos, tentando entender como que essa relação comercial entre EUA e Brasil pode evoluir", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
As atenções também se voltarão durante o dia para a audiência de reconciliação entre representantes do governo e do Congresso, promovida pelo STF, para discutir a tentativa do Executivo em elevar a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O Banco Central ainda fará nesta sessão um leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de US$1 bilhão. De acordo com o BC, a operação tem como objetivo a rolagem do vencimento de 4 de agosto.
No cenário externo, o governo norte-americano informou que seu índice de inflação ao consumidor teve alta de 0,3% em junho, acima do avanço de 0,1% no mês anterior, mas em linha com a projeção em pesquisa da Reuters com economistas.
Em 12 meses, a inflação atingiu 2,7%, acelerando em relação aos 2,4% registrados em maio e ligeiramente acima dos 2,6% esperados por economistas.
O resultado era observado de perto devido aos temores de que as tarifas de Trump impulsionem os preços aos consumidores ao longo do ano, o que tornaria mais difícil o trabalho do Federal Reserve em controlar a inflação, implicando menor espaço para cortes na taxa de juros.
Após os dados, operadores continuavam precificando 47 pontos-base de afrouxamento pelo banco central dos EUA neste ano, segundo a LSEG.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,12%, a 97,996.
Trump vem pressionando o chair do Fed, Jerome Powell, a cortar os juros rapidamente, o que tem sido ignorado pelas autoridade do banco central. Segundo a ata da última reunião, a maioria dos membros ainda prefere esperar para ter uma noção completa do impacta das tarifas sobre a inflação.
(Edição de Camila Moreira)