SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava entre estabilidade e leve queda contra o real nesta sexta-feira, em meio a otimismo nos mercados internacionais, caminhando para fechar a semana agitada para a política brasileira em baixa.
Às 10:20, o dólar recuava 0,19%, a 5,4392 reais na venda, depois de ter chegado a cair 0,67% mais cedo, a 5,4135 reais.
O contrato mais líquido de dólar futuro tinha alta de 0,23%, a 5,442 reais.
Nesta manhã, vários analistas chamavam a atenção para o comportamento do dólar em relação a uma cesta de rivais, com o índice da moeda operando em queda de 0,1%. Ao mesmo tempo, lira turca, peso mexicano e rand sul-africano, divisas consideradas arriscadas, apresentavam ganhos contra o dólar.
"O mercado de moedas mostra o dólar operando mais fraco, perdendo para as principais divisas fortes e emergentes no exterior", disse em nota Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora. "A divulgação de indicadores econômicos acima do esperado anima os investidores ao sugerir que a maior economia do mundo está em rota de recuperação após os fortes abalos provocados pela pandemia de Covid-19."
Dados de quinta-feira mostraram que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego diminuiu na semana passada, sugerindo que o mercado de trabalho dos Estados Unidos está se estabilizando, enquanto as novas encomendas de produtos fabricados no país subiram mais do que o esperado em dezembro.
Essa leva recente de dados positivos vem em meio a expectativas de aprovação de mais estímulos trilionários pelo governo dos Estados Unidos, o que ajudava a alimentar o apetite por risco dos investidores.
No acumulado da semana, o dólar caminhava para registrar queda de cerca de 0,7% contra o real, depois que a eleição de lideranças alinhadas ao governo brasileiro no Congresso elevou as esperanças de retomada da agenda de reformas estruturais no país.
Apesar do alívio político representado pelas presidências de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado, analistas seguem alertando para o principal risco do cenário: a saúde das contas públicas.
A principal preocupação dos mercados é em relação ao teto de gastos do governo, com a pressão por mais gastos com auxílio social em resposta à Covid-19 sendo confrontada com um Orçamento apertado para 2021 e uma dívida pública em patamares recordes.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na quinta-feira que governo pode ajudar vulneráveis caso a pandemia de coronavírus volte a ameaçar o país, mas dentro de um quadro fiscal robusto.
Na véspera, a divisa norte-americana à vista teve salto de 1,49%, a 5,4496 reais na venda.
O Banco Central fará nesta sexta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e outubro de 2021.