Índices sobem conforme investidores avaliam dados de inflação
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar ampliou suas perdas ante o real nesta terça-feira e renovou a cotação mínima da sessão após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que se reunirá na próxima semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante discurso na Assembleia Geral da ONU, Trump afirmou ainda que esteve por alguns segundos com Lula na sede da organização e que teve "excelente química" com o brasileiro.
Logo após os comentários de Trump, o dólar à vista atingiu às 12h08 a cotação mínima intradia de R$5,2790 (-1,11%). Às 12h16, a moeda era cotada a R$5,2851 (-0,99%).
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento cedia 0,97%, a R$5,2930.
A participação de Lula na assembleia da ONU era bastante esperada pelos agentes do mercado, que nos últimos dias demonstraram temor de que Trump pudesse anunciar mais medidas econômicas contra o Brasil. Na segunda-feira os EUA anunciaram sanções a Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mas não ao país.
Em seu discurso no fim da manhã, Lula disse que a soberania brasileira é inegociável e criticou medidas unilaterais impostas ao país e os ataques ao Poder Judiciário brasileiro. Lula também afirmou que a imposição de sanções arbitrárias está se tornando constante e que os ideais que inspiraram a criação da ONU estão ameaçados.
Trump falou logo após Lula, e já no fim do discurso citou o Brasil. O norte-americano disse que passou por Lula após o brasileiro discursar, acrescentando que ambos se abraçaram e falaram rapidamente.
"Tivemos uma boa conversa, e concordamos em nos reunirmos na semana que vem", disse Trump. "Ele pareceu ser uma pessoa muito boa."
Os comentários de Trump tiraram a pressão sobre os ativos brasileiros: o dólar passou a oscilar abaixo dos R$5,30 e o Ibovespa renovou a máxima histórica, acima dos 146 mil pontos. Na curva de juros brasileira, as taxas também operavam em baixa.
Mais cedo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que o Banco Central, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, entrou agora em um "novo estágio" da política monetária que prevê taxa Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação.
“Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, destacou a ata.
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o BC assumiu "com mais clareza" que o ciclo de elevações da Selic está encerrado.
"É claro que ele deixa uma abertura dizendo que se precisar aumentar, ele vai. Mas o registro de modo geral mudou. Agora é um registro de um Copom que vai esperar para ver o que a firme elevação da taxa de juros vai trazer para a economia brasileira", disse Gala.
No mercado de câmbio, a avaliação é de que a Selic a 15%, juntamente com mais cortes de juros pelo Federal Reserve, torna o diferencial de juros do Brasil ainda mais atrativo para os investidores internacionais, o que mais recentemente permitiu que o dólar se aproximasse dos R$5,30.
Durante entrevista mais cedo ao ICL Notícias, Haddad ponderou, no entanto, que os juros no Brasil não deveriam estar em 15% e que há espaço para cortes. O ministro pontuou ainda que o Brasil não tem dificuldade de colocar seus produtos em outros mercados diante da vigência da tarifa implementada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
No exterior, o dólar seguia próximo da estabilidade ante as moedas fortes e tinha sinais mistos ante as demais. Às 12h26, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes -- subia 0,04%, a 97,360.
(Edição de Isabel Versiani e Camila Moreira)