Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve alta frente ao real nesta segunda-feira, após marcar a maior queda semanal desde 2008, reflexo da crescente probabilidade atribuída pelos investidores de que a presidente Dilma Rousseff não conclua seu mandato. O mercado de câmbio também era influenciado pelo quadro externo favorável e pela decisão do Banco Central brasileiro de manter a oferta de swaps cambiais para rolagem, após vender parcialmente o lote oferecido na sessão passada.
Às 12:12, o dólar avançava 0,19 por cento, a 3,7680 reais na venda, depois de cair 5,93 por cento na semana passada. A moeda norte-americana atingiu 3,7871 reais na máxima desta sessão e 3,7350 reais na mínima. "O embalo doméstico foi muito forte, há uma certa euforia. Devemos ver alguma realização de lucro e recomposição de posições nesta semana", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado para depor na sexta-feira em nova etapa da operação Lava Jato sob suspeita de ser beneficiário de crimes envolvendo a Petrobras (SA:PETR4), aproximando ainda mais a investigação do atual governo. A reação do dólar foi engatar em forte queda frente ao real, já que muitos investidores entendem que eventual troca do governo pintaria um quadro mais favorável à recuperação da economia brasileira. Alguns operadores ponderam, porém, que essas incertezas políticas prejudicam ainda mais a governabilidade do país. Nesta sessão, a alta dos preços do petróleo e das ações chinesas, após diversas autoridades da China garantirem que a economia vai permanecer sólida, sustentavam o bom humor nos mercados externos. Outro item que atraía atenção é a estratégia de intervenção cambial do BC. Na sexta-feira, a autoridade monetária vendeu apenas 8 mil dos 9,6 mil swaps cambiais ofertados em leilão para rolagem dos contratos que vencem em abril, equivalentes a 10,092 bilhões de dólares. A decisão afastou a moeda norte-americana das mínimas da sessão passada, quando chegou à casa dos 3,65 reais, e alimentou expectativas de que o BC poderia reduzir o ritmo das ofertas nos dias seguintes. Após o fechamento, porém, a autoridade monetária anunciou para este pregão leilão com a mesma oferta de até 9,6 mil contratos.
E vendeu lote integral. Com isso, rolou ao todo o equivalente a 2,255 bilhões de dólares, ou cerca de 22 por cento do lote total. "O BC indicou que está disposto a diminuir a rolagem quando as condições permitirem, mas talvez esta não seja a hora. Acho que ele sabe que o mercado deve continuar volátil, é bom manter a oferta de proteção", disse o operador de um banco nacional.