O dólar teve um pregão volátil nesta quarta-feira, 13, mas com oscilações mais contidas que nos últimos dias. Com noticiário morno em Brasília e com os participantes do mercado monitorando as notícias sobre vacinas e o Congresso em Washington, em discussão do impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o câmbio oscilou principalmente com os fluxos de capital.
Captações externas e aportes de estrangeiros na Bolsa ajudaram a retirar pressão do real, mas com a moeda americana se sustentando acima de R$ 5,30, na medida em que o risco fiscal e dúvidas sobre a vacinação contra a covid seguem limitando uma melhora mais forte da moeda brasileira.
No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em leve queda de 0,23%, a R$ 5,3106. No mercado futuro, o dólar para fevereiro cedeu 0,42%, a R$ 5,3035.
Os estrangeiros continuam aportando recursos no Brasil, conforme mostraram nesta quarta dados do Banco Central. O País registrou fluxo cambial positivo de US$ 1,309 bilhão em janeiro, até o dia 8. Na B3, já entraram R$ 13,1 bilhões. Além deste fluxo, empresas brasileiras seguem captando no exterior.
Na terça à noite, o Itaú (SA:ITUB4) fechou emissão de bonds de US$ 500 milhões. Marfrig (SA:MRFG3) e Simpar (SA:SIMH3) estão no mercado para emitir bônus, mas os recursos vão ser usados para recomprar papéis de emissões anteriores, ou seja, não devem entrar no Brasil.
Apesar do fluxo, a percepção de que as pressões de aumentos de gastos podem resultar na prorrogação do auxílio emergencial voltou ao radar do mercado, comenta o economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho.
Com isso, câmbio e a curva futura de juros ficaram pressionados e o dólar, quando cai muito, atrai compradores. Além disso, a elevação dos yields (retornos) dos Treasuries americanos ajuda a pressionar ainda mais o dólar, que nesta quarta voltou a subir de forma quase que generalizada nos emergentes e perante moedas fortes. Real e lira turca foram uma das poucas exceções.
A analista responsável por Brasil na agência de rating Moody's, Samar Maziad, alertou nesta quarta que as pressões para aumentar programas e gastos sociais permanecem no Brasil neste começo de 2021, mas considerando as amarras fiscais e constitucionais, será difícil elevar estas despesas legalmente. "Riscos de gastos acima do teto em 2021 certamente permanecem", disse em evento da Moody's, alertando que esse fator, junto com o atraso nas reformas, pode afetar negativamente o rating brasileiro.